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A importância do brincar na vida adulta

Recebi das mãos da autora Beloni Maria Nardi o livro “A importância do brincar na vida adulta”, pois sabedora das minhas lides com os livros e em especial com a Metamorfose da Vida, focando estudos no envelhecer, trouxe sua obra para uma análise. Li com atenção, pois o tema é muito atual e atinente.

Beloni teve experiência como professora primária, pedagoga e nas ciências do mundo do trabalho.    

Qualquer animal brinca, não só os filhotes. Por que não a pessoa adulta brincar, explorar o lúdico?

O subtítulo do livro é esclarecedor quanto a seus objetivos: brincando, aprendendo e curando.

Este livro vem do Trabalho de Conclusão de Curso na Unilasalle.

A autora vem com autoridade ao citar nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade:

“Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem.”

A autora segue esta linha, nada é perda de tempo quando o tema for o “brincar”, o lúdico, o jogo.


Ela vai delineando a importância do brincar, do lúdico, do grupo, dos coletivos, tratando de sinalizar algumas diferenças entre homens e mulheres. Sua pesquisa é de campo, de atuação com mulheres, em especial, dos 20 aos 80, pois na página 35 temos esta amostra, impactando-nos o número de mulheres adultas de mais idade e de formações muito distintas, com gente de menos poder aquisitivo, o que potencializa os resultados, pois a maior parte da população é com menos formação e com menos recursos.

Depois de esmiuçar com quem ela tratou e lidou, praticou, fez acontecer a pesquisa, a autora nos brinda com a história da recreação, vinda do longínqua Roma, passando por Santo Tomás de Aquino e aos modernos pedagogos.

A sociedade romana não podia viver sem os jogos, eram muitos e frequentes. Hiuzinga fala que a vida deve ser vivida como um jogo. Mesmo na Idade Média, o tema foi tratado por Santo Tomás de Aquino, que fundamenta filosoficamente o lúdico.

E assim, a autora vai seguindo para colocar o tema na psicomotricidade, na visão da psicopedagogia. Piaget, Vigotsky, Winnicot tratam do jogo em suas obras. Logo, não se pode entender por que motivo nos dias atuais não se faça um resgate maior do lúdico em nossas vidas. E aí está um dos grandes méritos da obra de Beloni Maria Nardi.

No livro, está bem pautada a questão do “Grupo” para estas atividades de jogo, para o coletivo, para o encontro, para a interação das pessoas. Ou seja, os jogos tiram as pessoas do seu “mundinho”, do isolamento, da solidão, da quietude, para a fala, para o riso, linguagens essenciais para o nosso desenvolvimento.

Na parte final da obra, a autora nos apresenta os vários jogos, os passos, os momentos dos mesmos e seus resultados.

De fato, sua tese é bem respondida com o conteúdo do livro.

Nós que somos do Coletivo Metamorfose da Vida - a arte de envelhecer, temos que buscar seus ensinamentos, trazê-los para o nosso coletivo.

Que outros textos ou livros possam nos ser ofertados pela autora!

Infelizmente, sua editora é de fora, não encontrando uma verdadeira distribuição da obra.

No entanto, em Porto Alegre, o livro está à venda na Livraria Isasul.



Adeli Sell é professor, escritor e bacharel em Direito

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