Foto de Fabiane Pereira
No Dia Mundial do Escritor, Sérgio da Costa Franco nos deixa. Uma vida exemplar. Muitos conhecem sua trajetória, logo não vou repeti-la. Quero destacar suas pesquisas historiográficas, a busca da Memória contra o Esquecimento, a reposição de verdades, neste Estado que criou mentiras, lendas e mitos.
Suas andanças como promotor pelo Estado fizeram com que tivesse contato com a história de nosso povo. Foi estudar História para ser mais e melhor. São uns 30 livros que nos legou.
Quando escreveu "A Guerra Civil" de 1893 só pelo título já estava dando o seu recado. Não era uma revolução, nem era federalista, pois aí seria uma visão unilateral. Escreveu sobre Júlio de Castilhos com o devido respeito, mas com o necessário distanciamento.
Quando fala dos farrapos, escolheu "A Porto Alegre sitiada", para expor com clareza do que se tratava aquele episódio. Ninguém expôs com tanta clareza as razões de a capital ficar ao lado do Império. E quem quiser ir mais longe, pode ler "As califórnias de Chico Pedro", o grande defensor da capital.
No seu "Porto Alegre ano a ano" vai dando uma noção básica de nossa evolução histórica. Mas é no "Guia Histórico de Porto Alegre'' que temos a completude de um pesquisador que vai às fontes primárias para não errar.
E fez pelo menos um livro sob encomenda, o qual é o mais completo sobre a origem do Comércio de nossa capital.
Ele não ficou apenas nas pesquisas da capital, estudou o Rio Grande do Sul, como escreveu sobre Jaguarão e Soledade.
Como poucos escreveu sobre o papel de nossa Santa Casa. Analisou nosso parlamento, como foi mais longe ao escrever o Dicionário Político, onde esmiuça a vida e fatos de nosso Estado.
Poucos sabem, mas escreveu uma Biografia de José Bonifácio. E mais recentemente escreveu um livro sobre aspectos da política e história do país, chegando ao atual governo.
Sérgio da Costa Franco deixou uma marca irretocável em nossa História. Além deste cabedal exposto em livros, em entrevistas e artigos de jornal, era um homem simples, de boa prosa, atento e observador.
Finalizando, era tão atencioso que me mandou um e-mail agradecendo meu livro Certas Ruas de Porto Alegre que um amigo alcançou a ele, como lembrou das referências que fiz a ele no mesmo.
Vai um homem, fica seu legado.
ADELI SELL é escritor, professor e bacharel em Direito.
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