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ALZHEIMER, O LADRÃO DE MEMÓRIAS

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Projeções indicam que em 2025 o Brasil terá uma população de aproximadamente 34 milhões de pessoas acima de 60 anos, o que significa 10% do total da população e, pela primeira vez o número de idosos excederá o de crianças de 0 a 14 anos, trazendo o Brasil para o sexto país do mundo em número e idosos. O aumento da expectativa de vida nos traz muitos desafios, pois o processo de envelhecimento vem acompanhado por uma diminuição nas capacidades física e cognitiva dos idosos acarretando uma epidemia de doenças crônicas e degenerativas na população (Herrera Jr., Caramelli & Nitrini,1998).  A maior parte dos estudiosos, apontam que a demência é uma das condições crônico-degenerativas que mais causa morbimortalidade. Nesse sentido, chama a atenção para o fato de que a   proporção de brasileiros com Alzheimer cresceu 127% em 30 anos. Até 2050, a doença de Alzheimer, responsável por sete em dez casos de demência, pode quadruplicar na população brasileira se medidas efetivas de prevenção não forem adotadas(Revistagalileu.globo.com/2021). Estima-se também que em 2025 haverá aproximadamente 40 milhões de pessoas no mundo acometidas pela doença de Alzheimer (IBGE,2000). Estes dados evidenciam a importância de novos estudos e intervenções mais efetivas que afetam a vida de um número muito grande de indivíduos, além de seus familiares e profissionais envolvidos.

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa caracterizada pelo comprometimento da memória e da capacidade de realizar tarefas cotidianas. A doença foi descrita pela primeira vez em 1901, por Alois Alzheimer, patologista alemão do Hospital psiquiátrico de Frankfurt. Ao atender uma paciente e notar que ela não entendia perguntas simples, nome do marido e repetia sempre a mesma frase “eu me perdi....” Após a morte da paciente, foi feita uma necropsia e o Dr. Alzheimer descobriu anormalidades no cérebro, havia placas, chamadas de “Senis”. Só em 1980, cientistas mostraram que estas placas eram formadas por uma proteína: a beta-amiloide (insolúveis no corpo humano). Estas placas entre os neurônios (além de outras estruturas emaranhadas dentro das células neurais, formada pela proteína TAU) se tornaram marcadores da doença. São as principais características biológicas de pessoas com Alzheimer. Estes marcadores não significam que sejam os únicos culpados do desenvolvimento da doença, pode haver outros fatores. Mas, estes biomarcadores são de suma importância para se avançar na pesquisa com medicamentos. O que leva a comunidade científica a se debruçar de forma intensa em estudos e pesquisas buscando respostas quanto à natureza da doença e de como ela se comporta em cada fase. Inclui-se aqui o rastreio e diagnóstico precoce da doença, como por exemplo, métodos para identificar pessoas com maior risco genético de desenvolver a doença, antes que qualquer sintoma apareça. Foram analisados dados de mais de 7,1 milhões de alterações na sequência de DNA obtidos em um estudo anterior de pessoas com e sem Alzheimer (Fonte: Jornal Zero Hora-Caderno Vida-18/9/2022). Através do refinamento e cruzamento de dados científicos, os cientistas acreditam que 28 tipos de proteínas podem estar ligados ao risco de Alzheimer.

Os especialistas da área, classificam a doença de Alzheimer em 7 fases e, algumas vezes de forma simplificada, entre 5 ou 3 fases. A classificação das 7 fases foi feita pelo médico Barry Reisberg da Universidade de Nova York. Esta divisão é usada por especialistas de todo o mundo. Mas, há que se observar que cada paciente pode responder de maneira diferente na progressão da doença conforme seu histórico de saúde e individualidade. Um aspecto importante é que se o paciente inicia o tratamento o mais precoce possível e mantém uma qualidade de vida, incluindo atividade física, alimentação saudável e atividades cognitivas, essas fases podem ter uma progressão bem mais lenta e variam o tempo entre uma e outra. Estudos apontam que esta fase pode durar até 15 anos em pessoas que não apresentam outros sintomas.


De forma resumida, as 7 fases são as seguintes:


Estágio 1: “Nenhum sintoma de demência”. Ao envelhecermos, é comum apresentar lapsos de memória com maior frequência, mas não necessariamente indicam um problema mais grave.

 

Estágio 2: “Perda de memória subjetiva/esquecimento relacionado a idade”.

Nesta fase pré-clínica não há sintomas evidentes na vida cotidiana. Apresentam reclamações de não conseguir lembrar de nomes, com a mesma facilidade de 5 ou 10 anos antes. Também reclamam de esquecerem com frequência onde colocaram algumas coisas.

 

Estágio 3: ”Impacto cognitivo Leve”

Nesta fase apresentam déficits sutis, mas que já são notados pelos familiares e pessoas próximas. Tendem a repetir a mesma pergunta várias vezes, declínio da função profissional, se ainda estiverem trabalhando. Dificuldade em aprender novas atividades. Pode-se considerar uma fase inicial de Alzheimer e esta fase pode durar cerca de 7 anos. Importante aqui é buscar orientação médica e um diagnóstico especializado, para se verificar se há outras condições de saúde que podem estar influenciando estas condições.

 

Estágio 4: ”Declínio cognitivo moderado/demência leve”

O déficit funcional mais comum nesta fase é o declínio na habilidade de executar tarefas mais complexas da vida cotidiana, impactando sua capacidade de viver de forma independente. Dificuldade em lidar com contas mensais, pagar aluguel, fazer comprar no supermercado, escolher um prato no restaurante, preparar alimentos. Esquece de eventos recentes importantes (festas, visitas de parentes...).

 

Estágio 5: “Declínio cognitivo Moderadamente severo/ demência moderada”

Nesta fase apresentam sintomas que as impedem de ter uma vida independente. Dificuldade de executar atividades básicas do dia a dia, como escolher a roupa mais adequada para clima e ocasião, se alimentar sozinho, pagar contas, manter as condições de higiene da casa e das roupas. Também podem apresentar problemas comportamentais, como ataque de raiva, desconfiança e irritabilidade. Não lembram de grandes eventos ou aspectos importantes da sua vida cotidiana, como por exemplo, seu endereço, condições do tempo, podem  sair na rua de pijama, colocar uma peça de roupa e esquecer das demais.

 

Estágio 6: ”Declínio cognitivo grave/ demência moderada”

Nesta etapa perdem a capacidade de se vestir, tomar banho, escovar os dentes ou ir ao banheiro sozinhos. Confundem ou não identificam as pessoas, mesmo as mais próximas. Não lembram da escola onde estudaram, líderes políticos do país. Começam a ter dificuldade para falar. Os ataques de raiva podem ser mais frequentes. São  incapazes de realizar atividades cotidianas básicas, apresentam comprometimento motor considerável e dificuldade de  reconhecer as pessoas.

 

Estágio 7: ”Declínio cognitivo muito grave/demência muito grave

Nesta etapa precisam de assistência para atividades cotidianas básicas e para a própria sobrevivência. Capacidade de fala cada vez mais restrita até ser completamente perdida. Perda da capacidade de andar e se sentar sozinho. A rigidez das juntas é cada vez mais frequente, impedindo movimentos  básicos das mãos  e levando a deformidades físicas. Uma causa comum de morte é a pneumonia, pela dificuldade de deglutição cada vez mais acentuada. É a fase mais grave da doença, em que apresentam demência grave, dependência completa para as atividades e se encontram acamados.

Embora não exista ainda uma cura para o Alzheimer, há uma vasta quantidade de novos conhecimentos sobre como aliviar os primeiros sintomas e, possivelmente, adiar o início da doença. A existência de uma mudança depende de fatores fisiológicos, emocionais, ambientais e funcionais, e está sujeito a uma grande variabilidade interindividual, pois devemos reconhecer que todos somos pessoas individuais, com necessidades e capacidades particulares. Em relação a opções de diagnóstico e tratamento, ainda não se tem bons resultados para reverter os prejuízos causados pelo Alzheimer. O diagnóstico clínico geralmente ocorre tarde, ou seja, quando o paciente já apresenta lapsos de memória. Porém, os mecanismos de ação da doença já estão presentes anos antes do aparecimento dos primeiros sintomas. O que se tem buscado é medicamentos para paralisar o avanço da doença ou reduzir a velocidade de progressão. A intenção da comunidade científica é descobrir rotas para acelerar a criação de novos tratamentos e aprimorar o rastreio e diagnóstico de pacientes.

 

SITUAÇÕES E CUIDADOS PRÁTICOS NO CUIDADO COTIDIANO DO IDOSO COM ALZHEIMER

Um aspecto relevante é como a família e cuidadores lidam com as situações no cuidado diário do idoso com Alzheimer. Cada vez mais devemos estar preparados para lidar com esse tipo de situação, suas implicações e impacto dessa convivência para todos os implicados no cuidado. Sendo assim, trago aqui alguns aspectos que nos servem como reflexão do que é importante na rotina de cuidados. O envelhecimento é processo adaptativo, lento e contínuo, que se traduz numa série de modificações.

O papel do cuidador de um idoso com Alzheimer

O cuidador desempenha um papel fundamental na saúde do idoso com essa patologia, e alguns aspectos são fundamentais, como ser uma pessoa bem-informada sobre a doença e seu processo de evolução, sobre as decisões da família em relação à pessoa doente e as orientações médicas a respeito do tratamento. Ter o entendimento de que cuidar alguém com Alzheimer é trabalhar o tempo todo com a flexibilidade considerando os seguintes aspectos:

⮚      que a pessoa já é idosa;

⮚      ela tem uma história e experiência de vida;

⮚      quais os fatos característicos em cada uma das etapas da doença;

⮚      as condições de adaptação e de ajuda que a família, a comunidade (vizinhos, amigos, parentes, igreja) e poder público oferecem.

Dentro dos perfis de cuidadores, uma parcela significativa é de familiares, mas com o aumento crescente da população idosa, a profissão de cuidador de idoso cresceu significativamente no Brasil. Segundo o CAGED do Ministério do Trabalho, entre 2007 e 2017 o número de cuidadores de idosos saltou de 5.263 profissionais em todo o país, para 34.051. Esse crescimento se dá principalmente devido aos familiares na sua maioria precisarem trabalhar e atender demandas familiares como a criação dos filhos, escola, e os cuidados com o idoso precisam ter atenção integral e diária.  Embora ainda não se tenha um reconhecimento formal específico da profissão, esta já se encontra em tramitação no congresso. A legislação vigente, que regulamenta o trabalho de um cuidador de idoso em âmbito residencial, é a Lei Complementar nº 150/2015, derivada da PEC das domésticas. Esta lei é válida para todos os trabalhos que sejam efetuados em âmbito doméstico, independentemente de sua profissão.  A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) reconhece a categoria ocupacional de cuidador de idoso sob o código 5162-10 (Ministério do Trabalho e Emprego, 2002). Com esse crescimento, o que se percebe é que os familiares passaram a exigir uma formação formal das pessoas que buscam trabalhar como cuidadores. O mercado hoje oferece diversos cursos preparatórios específicos para cuidador de idosos, mas na sua maioria ainda muito básico.

Habilidades pessoais do cuidador

Habilidades que alguém usa para tornar mais positiva a forma como interpreta e age numa determinada situação dizem respeito ao controle de pensamentos e emoções que podem levar a uma postura e envolvimento mais construtivos. Essas habilidades são especialmente importantes para um cuidador de alguém com demência, porque, de forma geral, a pessoa com demência, por si só, não tem como controlar seus comportamentos que causam impactos negativos para os demais. Neste contexto, pode-se considerar que um dos recursos importantes para o enfrentamento do estresse é uma melhor compreensão da demência por parte do cuidador. Neste caso, o aprimoramento das habilidades pessoais que alguém possui para enfrentar situações estressantes pode envolver a capacidade de reconhecer um novo significado para um comportamento que usualmente seria interpretado como antissocial, mas que agora deve ser visto como sendo um comportamento sem esta intencionalidade, por ter sido emitido por uma pessoa com capacidades cognitivas alteradas. Quando os cuidadores, sendo familiares ou profissionais, ainda não compreendem as alterações que estão acontecendo com o idoso, especialmente na fase inicial da doença, a maioria acredita que o idoso perdeu a motivação ou não está sendo estimulado (Blieszner et al., 2007).

Capacidade de comunicação do idoso

Algumas características são muito comuns apresentadas pela pessoa portadora da doença de Alzheimer, como inquietação, agitação e podem ter múltiplas causas, algumas delas evitáveis. As causas desses transtornos podem ter origem na dificuldade para lembrar e se expressar, considerando que a doença vai reduzindo gradualmente a capacidade de comunicação e outros sintomas como desconforto, dor de cabeça, dor de dente, problemas digestivos (indigestão ou prisão de ventre), ou no aparelho urinário, uso de um determinado medicamento, uso de bebidas cafeinadas (café, chás), excesso de barulho, de discussões das pessoas em casa, em voz alta, por comportamentos impositivos.

Comunicação com o idoso

A comunicação com uma pessoa com a doença de Alzheimer pode ser muito difícil, à medida em que evolui. Ela passa a ter dificuldades para compreender o que lhe dizem e para expressar o que deseja, pela perda gradual da memória e do vocabulário. No sentido de facilitar a comunicação cotidiana, especialmente na interação do idoso com seu ambiente, algumas atitudes são aqui sugeridas ao cuidador:

❖       não trate o idoso com Alzheimer como se ela fosse uma criança ou, ainda, falar dela como se ela estivesse ausente. Além de despertar sentimento de inutilidade, pode despertar frustração ou raiva;

❖      certifique-se de que ela ouve, vê e fala bem (o melhor possível), checando os aparatos de que faz uso, como óculos, aparelhos de surdez e, mesmo, próteses dentárias, pois tudo isso pode ajudar na comunicação.

❖      fale de maneira suave e pausada, transmitindo à pessoa o máximo de segurança;

❖      escolha palavras simples, frases curtas e um tom de voz amável e tranquilo;

❖      mantenha-se na altura da pessoa com quem fala olhando-a nos olhos enquanto fala, esse recurso pode ajudar a chamar sua atenção;

❖      chame-a pelo nome, assegurando-se de que ela está prestando atenção;

❖      segure sua mão enquanto conversa com ela;

❖      fale apenas um assunto de cada vez, pois isto ajuda a não confundi-la;

❖      utilize outras formas de linguagem (gestos, expressões faciais, carinho, abraço, afago nas mãos); lembre-se de que a comunicação não se limita às palavras e as formas não verbais podem ajudar, em muito, o idoso com Alzheimer;

❖      pergunte, fale, converse, mas dê tempo suficiente para a resposta; não a apresse nem lhe cobre rapidez; ajude-a na palavra que está se esforçando para lembrar e pronunciar;

❖      demonstre que compreendeu o que ela tentou dizer;

❖      procure criar um ambiente tranquilo, sem ruídos, seja de rádio, ou de música barulhenta, pois isto ajudará na sua concentração enquanto conversa;

❖      evite discutir ou dar-lhe ordens;

❖      da mesma forma, evite dizer o que não deve ou não pode fazer;

❖       escolha falar sempre no positivo, dizendo-lhe o que pode e o que deve fazer.

Comunicação não verbal

A Comunicação não verbal também tem muita importância no manejo do idoso e possui três funções: comunicar atitudes e emoções, apoiar de forma não verbal a comunicação verbal e substituir a comunicação verbal pela não verbal. Os componentes não verbais também influenciam significativamente as relações interpessoais, já que podem chegar a representar 65% da comunicação (Del Prette & Del Prette, 1999). Em idosos com Alzheimer, a comunicação não verbal torna-se ainda mais crucial à medida que a capacidade verbal diminui. Expressões faciais, contato visual, linguagem corporal, tom de voz, e até mesmo o toque, podem transmitir mensagens importantes e ajudar o idoso a expressar suas necessidades e sentimentos.

Ao entender e utilizar a comunicação não verbal, cuidadores e familiares podem melhorar a qualidade de vida do idoso com demência, proporcionando-lhe maior conforto, segurança e bem-estar. As formas de comunicação não verbal se expressam através de:

⮚      Expressões faciais:

Sorrisos, franzir a testa, olhos arregalados etc., podem indicar alegria, tristeza, medo ou confusão.

⮚      Linguagem corporal:

Postura, movimentos corporais, e gestos podem revelar se o idoso está confortável, agitado, ou se deseja algo.

⮚      Contato visual:

Manter ou evitar o contato visual pode ser um sinal de interesse ou desinteresse, conforto ou desconforto.

⮚      Tom de voz:

Um tom de voz calmo e gentil pode transmitir segurança e tranquilidade, enquanto um tom mais alto e apressado pode causar ansiedade.

⮚      Toque:

Um toque suave e reconfortante pode ser muito eficaz, mas é importante respeitar os limites do idoso e observar sua reação.

⮚      Sons e ruídos:

Gritos, gemidos, ou outros sons podem ser expressões de dor, frustração ou desconforto.

⮚      Comportamentos:

Atitudes como bater na mesa, puxar o cabelo, ou se afastar podem indicar que algo está incomodando o idoso.

⮚      Localização espacial:

A forma como o idoso se movimenta e se aproxima de objetos ou pessoas pode indicar seus desejos e preferências.

⮚      Objetos e símbolos:

O uso de objetos familiares ou fotos pode ajudar a evocar memórias e facilitar a comunicação.

Manejo comportamental no idoso  

Com relação à agressividade, também é comum que o idoso passe por fases em que se apresenta irado e ou agressivo. Embora façam parte da doença e sejam fases passageiras, é importante que o cuidador tente identificar o que pode estar desencadeando a agressividade e agitação. E existem várias possibilidades para isso. Por exemplo, ser forçado a aceitar ajuda para fazer coisas de sua rotina que costumava fazer sozinho, como tomar banho; frustrar-se pela incapacidade de não conseguir fazer outras atividades que fazia antes; dificuldade de compreender o que ocorre em sua volta; sentir medo até mesmo de visitar o médico.

Comportamento do idoso

Como esse idoso já está com sua capacidade de compreensão e de comunicação comprometida, a única forma que lhe resta é agitar-se, inquietar-se, tornar-se agressivo, como forma de expressar-se e demonstrar seus sentimentos. Assim, é muito importante que o cuidador, com a dedicação que tem e com a capacidade de atenção e observação, identifique o que pode estar provocando as alterações de comportamento da pessoa cuidada, a fim de buscar a ajuda correta e poder realizar as mudanças oportunas, visando ao seu desaparecimento ou, pelo menos, a diminuição desses comportamentos.

Identificando:

1.       o momento em que o idoso fica agitado, inquieto ou agressivo;

2.       o local da casa, ou mesmo fora, em que isso ocorre;

3.       o que acontece antes e depois do problema;

4.       como age o idoso durante o tempo em que permanece com esse comportamento.

Sugere-se ao cuidador que:

• identifique a causa (ou as causas) da alteração de comportamento do idoso;

• aja com calma, carinho e compreensão, percebendo que a atitude da pessoa cuidada não é consciente;

• evite muitas visitas em casa de uma só vez;

• evite mudanças bruscas na rotina; da mesma forma, evite barulhos, ruídos, sons muito altos, discussões em casa;

• tente distrair a pessoa, seja buscando novos assuntos, seja acariciando-a, abraçando-a, para acalmá-la;

• fale tranquilamente e não discuta;

• simplifique as coisas e não a sobrecarregue com cobranças, seja de que ordem for;

• Informe aos familiares para buscar ajuda médica, caso não consiga acalmá-la e a agressividade não cede, às vezes é necessário uma avaliação e adequação do medicamento.

 

Alimentação

Tão importante quanto a medicação, que dá um certo alívio aos sintomas da doença de Alzheimer, é a alimentação oferecida. É através dos alimentos, que as necessidades energéticas, de proteínas, de vitaminas, minerais e líquidos, específicos ao idoso com Alzheimer para manutenção adequada da sua saúde.  Além de garantir as quantidades de nutrientes, é necessário assegurar que o idoso desfrute de um momento de bem-estar e satisfação quando se alimenta. A comida deve possuir cor, aroma e sabor agradáveis, conferindo prazer à refeição. É uma atitude de cuidado e de atenção de quem a acompanha, especialmente porque, como sabemos, um organismo desnutrido está mais vulnerável a infecções e perda de autonomia, comprometendo a efetividade do tratamento.

A perda de peso vem sendo considerada como uma característica da doença de Alzheimer, ainda que, com um bom suporte nutricional, possa vir a melhorar. São exemplos de situações vivenciadas/experimentadas pela pessoa idosa com a doença de Alzheimer:

1.       falta de apetite ou recusa a comer alguma coisa;

2.       dificuldade para mastigar e engolir alimentos sólidos e, até mesmo, líquidos (conhecida como disfagia), tanto na fase inicial da doença como, principalmente, na fase avançada;

3.       esquecer-se de que acabou de comer e passar a queixar-se de fome, às vezes até acusando o cuidador de não lhe oferecer alimento;

4.       desejo de comer só doces e chocolates, recusando outro alimento;

5.       continuar com apetite normal, mas perder peso a cada dia;

6.        recusar a carne como alimento, mesmo que faça parte da sua dieta diária;

7.       estar com intestino preso (constipação), o que pode aumentar a agitação e, até agravar a confusão mental;

8.       falta dos dentes ou próteses desajustadas ou, ainda, gengivas inflamadas.

9.       redução do paladar e do olfato (ou perda de sabor e cheiro dos alimentos);

10.   problemas gástricos (azia ou gastrite), que podem ser causados pelos efeitos colaterais dos medicamentos que utiliza;

11.   dificuldades em realizar tarefas simples, como servir a própria refeição ou, até mesmo, levar o garfo à boca.

12.   sinais de depressão, apatia, solidão, tristeza, que podem levar à perda de apetite;

13.   não sentir ou perceber que o alimento está muito quente ou frio, amargo ou azedo, o que pode machucar o idoso ou causar-lhe intoxicação;

14.   não ter a sensação de que está com sede, o que pode levá-lo a desidratações, até mesmo crônicas.

Naturalmente, são muitas as possibilidades de situações referentes à alimentação de uma pessoa idosa com Alzheimer.  Essas diferentes situações exigem do cuidador uma atitude de paciência e de compreensão porque é possível que a pessoa já não se lembre da importância do alimento e de desejar uma dieta diversificada. Nesse sentido, algumas sugestões são apresentadas a seguir, objetivando colaborar com o cuidador:

✔      mantenha uma rotina de horário e local para as refeições;

✔      tente fazer, do horário das refeições, um momento de calma e relaxamento, encorajando o idoso a comer, saborear o alimento, mastigá-lo bem;

✔      procure variar as refeições e oferecê-las em pequenas porções (cinco ou seis refeições por dia), em intervalos de três horas, em média (oriente-se com o nutricionista);

✔      ofereça líquidos, em média oito copos diários, variando com chás, água, sucos, refrigerantes.

✔      Ao oferecê-los, faça-o em pequenas quantidades e sempre com o idoso sentado ou recostado em almofadas e travesseiros, para evitar que se engasgue;

✔      ofereça os alimentos com consistência adequada às possibilidades de mastigação e deglutição do doente (corte-os em pedaços bem pequenos – quando ainda é possível a mastigação -, amasse-os ou triture-os, quando a dificuldade aumentar);

✔      cuide da higiene bucal após as refeições, escovando os dentes, lavando a prótese ou limpando a gengiva e a língua com gaze embebida em Cepacol, ou similar, com água, para que o idoso não fique com restos de comida na boca;

✔      leve o idoso a visitas periódicas ao dentista, para prevenir doenças dos dentes e das gengivas

 

Higiene

Manter uma aparência agradável e a autoimagem positiva são elementos indispensáveis para a manutenção do bem-estar individual, ainda que em situações atípicas. No caso das pessoas com Alzheimer, a preocupação com essa autoimagem positiva deve ser preservada por familiares e cuidadores.

É comum que algumas pessoas idosas tenham dificuldades para realizar sua higiene pessoal (tomar banho, pentear os cabelos, abaixar para lavar pernas e pés) por conta da rigidez que apresentam.

Apesar de ser uma tarefa simples e comum a todas as pessoas, o banho pode se transformar em um momento de extremo estresse, e até perigoso para o manejo com o idoso com Alzheimer. O banho tem funções importantes que vão além da limpeza do corpo, pois auxilia na circulação, estimula as glândulas sudoríparas, abre os poros e elimina germes que são fontes de contaminação. Um banho morno é capaz de promover relaxamento dos músculos, favorecer a sensação de bem-estar e de descanso, daí sua importância para o idoso portador de Alzheimer, ainda que alguns idosos resistam a ele. Essa resistência pode originar-se de condições inadequadas (como água muito quente ou muito fria) ou vergonha, decorrente de formação moral rígida e hábitos recatados.

A maior parte das vezes essa resistência pode associar-se ao esquecimento do banho, por considerá-lo desnecessário ou, ainda, por esquecer de como fazê-lo. O banho pode ser de chuveiro ou de leito. Na medida do possível, escolha o banho de chuveiro, pela sensação de conforto que a queda d’água proporciona. Para isso, coloque:

✔      uma cadeira ou banco no interior do box para que a pessoa idosa tome o banho sentada;

✔      barra de apoio ao lado do vaso sanitário para dar firmeza à pessoa, no sentar-se e levantar;

✔      piso antiderrapante (ou tapete não escorregadio) para evitar quedas e consequências decorrentes;

✔      suporte de sabonete para facilitar a autonomia do idoso no ensaboar-se;

✔      boa iluminação;

✔      um chuveiro ajustável, para facilitar à pessoa o abrir e fechar a água;

✔      alças ou barras de apoio na lateral do box;

✔      a porta do banheiro sem trincos e sem chaves, para evitar que o idoso se tranque por dentro e não consiga destrancar;

✔      o banho de leito (na cama) só deve ser dado quando o idoso estiver impossibilitado de sair da cama. Neste caso, aproveite o momento do banho de leito para observar a integridade da pele e para realizar movimentos nas pernas, pés, dedos e braços da pessoa que você cuida.

 

Condutas para o banho:

“O que fazer quando os idosos em processos demenciais se negam a tomar banho? “

 

Um dos problemas mais comuns enfrentados pelos cuidadores é fazer idosos com Alzheimer tomarem banho – se negam e, muitas vezes, ficam agressivos diante de muita insistência. Algumas condutas que podem ajudar:

 

  1. Instale uma ROTINA – Banho todos os dias no mesmo horário (sugestão 11:00 hs da manhã), no início será difícil, pois para se instalar uma rotina, necessitamos aproximadamente de um mês, porém após este período, tudo funcionará melhor, o idoso estará condicionado e aceitará o banho como um evento normal de seu dia.

 

  1. Para combater o “não” tente fazer com que o convite (quando já estiver na porta do banheiro) pareça apenas mais uma rotina normal do dia a dia – “Hoje é terça-feira, como tomamos banho todas as terças de manhã.

 

  1. Use sempre o pronome “nós”, se inclua neste banho.

 

  1. Reforços positivos - Continue com reforços positivos, elogiando e oferecendo prêmios caso concordem. Repetindo esse procedimento insistentemente a cada banho, como parte de uma rotina incute no paciente o hábito de tomar banho. Não se esqueça de sempre elogiar após o banho tomado.

 

  1. Tenha tudo pronto à mão (sabonete, xampu (que não arde nos olhos), toalhas, muda de roupa, etc.) antecipadamente. A temperatura do banheiro deve ser confortável, aquecido se necessário em dias frios, e uma música suave pode ajudar. Seja incisivo e claro, dizendo “Nosso banho está pronto. Deixe-me ajudá-lo com a roupa (ou sapatos ou algo assim)”. Comece ajudando a ligar o chuveiro e conferindo a temperatura da água.

 

  1. Banho sempre na mesma hora. Se possível, dê o banho quando o idoso costumava tomar anteriormente a doença. Se ele estava acostumado a tomar banho antes do café, este horário deve ser considerado para a instalação de sua rotina. Se está acostumado a banho de banheira deve ser respeitado, a menos que alguma recomendação ou problemas físicos não o permitam.

 

  1. Alguns idosos com demência desenvolvem medo da água, especialmente água caindo em suas cabeças. Eles podem se sentir inseguros e ameaçados. Se for o caso, use o chuveirinho manual fechando o chuveiro de cima. Assim o paciente consegue controlar e direcionar o fluxo da água para onde deseja.

 

  1. A cabeça por último- Deixe a cabeça por último, lave o corpo primeiro e incentive-o a participar do banho, tanto quanto possível. Se podem fazê-lo por si só, deixe-o fazer; isso levará mais tempo, mas é uma forma de tornar o banho agradável. Deixe-o sentir-se participante, no limite de suas possibilidades. Aplique o mesmo conceito para se enxugar Sempre elogie e premie pelo banho tomado, enaltecendo a limpeza, o perfume e a sensação de bem-estar, por exemplo.

 

  1. Mudança de foco – Alguns idosos precisam ser distraídos com outros assuntos para tirar o foco do banho. Por exemplo, cantar no chuveiro, dar-lhe alguma coisa colorida para segurar e olhar enquanto está no banho, como uma bola de borracha para apertar ou uma esponja em forma de animal, flor.

 

  1. Respeite sua intimidade - Alguns são recatados, reservados, e isso pode ser o motivo de dizer “não”. Então, respeite sua intimidade permitindo que cubram seu corpo ou parte dele no banho. Talvez com uma toalha. Lave por baixo da mesma.

 

  1. Atenção para a segurança - Segurança vem primeiro. É preciso instalar barras de segurança adequadamente posicionadas para que o idoso possa se segurar. O banheiro deve ser adequado ao idoso para evitar quedas, piso antiderrapante, barras de apoio etc.

 

Finalmente, terminado o banho e com o idoso já vestido, elogie-o!!!!

Adaptações no ambiente

Na maioria das vezes, o ambiente físico da moradia não está adequadamente organizado em função das pessoas idosas. Quase sempre esse ambiente precisa de adaptações para os naturais mudanças ocorridas com o envelhecimento do organismo humano ou mesmo em decorrência de doenças que podem ocorrer à pessoa nessa etapa da vida. Algumas situações podem levar o idoso a quedas: tonturas, fraqueza, visão e equilíbrio reduzidos, distúrbios de marcha, dentre outros. As adaptações ao ambiente físico passam a ser necessárias, e devem trazer segurança à pessoa idosa, de modo a diminuir riscos de acidentes, evitar quedas, facilitar o decorrer de sua vida diária, considerando que a rotina deve ser a base de suas atividades, além de facilitar a tarefa do cuidador, permitindo maior autonomia e independência da pessoa idosa e de quem a acompanha.

 

É possível minimizar a possibilidade de quedas em pessoas idosas quando conhecemos os principais fatores desencadeantes e adotamos as medidas pertinentes:

●        Diminuição da visão audição e sensibilidade;

●        Alteração da marcha (passos curtos, arrastados, base largada);

●        Reflexos estão mais lentos, fraqueza dos músculos;

●        Deformidades nos pés (calosidade, joanetes e problemas nas unhas);

●        Efeitos colaterais dos medicamentos;

●        Tapetes soltos, pisos escorregadios com água ou muito encerados;

●        Móveis instáveis, cadeiras de balanço, camas e sofás muito baixos;

●        Chinelos e sapatos com solado que escorregam ou não adaptado aos pés;

●        Ambientes com objetos espalhados que podem fazer tropeçar (fios e tacos soltos);

●        Ambiente com pouca luz;

●        Expor-se a situações de risco, tais como subir em escadas para pegar alguma coisa nos armários, molhar plantas e abaixar-se, com dificuldade de equilíbrio.

Estruturando o ambiente         

A recomendação, no entanto, é   que essas modificações ambientais sejam feitas gradualmente, para que a pessoa idosa vá se acostumando, participando dela, percebendo sua necessidade.  Assim segue sugestões aos cuidadores:

⮚      deixe o lugar onde a pessoa idosa mais transita livre de móveis, objetos e enfeites que possam provocar quedas;

⮚      conserve os objetos de uso cotidiano do idoso sempre no mesmo lugar e com fácil acesso, evitando que a pessoa fique confusa tentando localizá-los ou tenha que usar escadas e banquinhos para pegá-los;

⮚      evite que o piso da casa seja encerado, tornando-se escorregadio;

⮚      evite o uso de tapetes e capachos em superfícies lisas que possam provocar quedas;

⮚      deixe livre, também, os locais de circulação;

⮚      ilumine todos os cômodos da casa;

⮚      evite que o idoso use chinelos e sapatos com sola lisa, desamarrados ou mal ajustados, pela facilidade de escorregões e quedas, que podem trazer consequências indesejadas;

⮚      eleve a altura das cadeiras, poltronas, camas e vasos sanitários, para possibilitar que o idoso sente, deite-se e levante sem fazer muito esforço ou tenha dificuldades para isso;

⮚      utilize corrimão em escadas, preferencialmente de ambos os lados;

⮚      coloque diferenciador de degraus para sinalização de término em toda a escada e em desníveis de piso em casa, reduzindo as possibilidades de desequilíbrio e quedas da pessoa idosa;

⮚      coloque a cama em posição que o idoso possa subir e descer, sem incômodos, pelos dois lados;

⮚      retire tapetes, capachos, fios soltos, para facilitar a circulação, tanto da pessoa idosa quanto da pessoa que a acompanha, evitando quedas;

⮚      mantenha os pisos de cozinha, banheiro, área de serviço (enfim, todos os locais onde circula o idoso) sempre secos para evitar quedas;

⮚      conserve em lugar seguro, fora do alcance da pessoa cuidada, objetos cortantes e pontiagudos.

 

Incontinência urinária ou perda voluntária

Os idosos, que tendem a apresentar múltiplos problemas e doenças, enfrentam a perda do controle urinário e fecal, sendo mais frequente o primeiro, podendo ocorrer os dois ao mesmo tempo. Embora não seja considerada uma doença, a incontinência restringe, perturba e constrange a pessoa idosa, interferindo nos aspectos emocionais e nos relacionamentos. Da mesma maneira, o cuidador enfrenta essa situação com alguma dificuldade. O importante é distinguir, com a orientação médica, e observação, a incontinência decorrente de um cérebro já deteriorado e incapaz de controlar a retenção da urina de uma incontinência decorrente de uma infecção urinária.

Sugere-se ao cuidador que:

✔      elabore e mantenha uma rotina para levar a pessoa ao banheiro (sanitário), não esperando que ela peça, pelo menos a cada três horas;

✔      procure ser compreensivo quando ocorrer a situação da perda involuntária da urina e fezes;

✔      conserve a calma e tranquilize a pessoa. Ela, de fato, não fez de propósito;

✔      procure lembrar os momentos em que ocorrem esses “acidentes” para planejar formas de evitá-los;

✔      previna essas ocorrências noturnas, reduzindo a quantidade de líquidos oferecida a partir do início da noite;

✔      planeje as saídas com a pessoa prevendo facilidades de banheiros, água e roupa adicional para troca, caso ocorra um imprevisto, uma necessidade


Desenvolvimento cognitivo

Há mudanças nas substâncias químicas que compõem nossa função cerebral; os neurotransmissores, como a dopamina, que nos mantêm alertas e em movimento, diminuem de 5% a 10% por década, achado confirmado por estudos que utilizaram tomografia por emissão de pósitrons. Funcionalmente, na vida diária, os idosos queixam-se da falha na sua atenção e na sua memória. Mas nosso cérebro varia intensamente em termos de quais funções se modificam ao longo da terceira idade e quais mantêm a capacidade, ou até mesmo atingem seu auge.

 

Mas porque é tão difícil para o idoso manter a atenção...

Mudanças no desempenho com a idade em muitas habilidades que requerem concentração intensa, ocorre porque, com o envelhecimento, há diminuição na capacidade de inibir estímulos interferentes, ou seja, de manter a atenção seletiva e a mais ínfima interrupção pode distraí-los, fazendo-os dispersar do que estavam fazendo para outros pensamentos e, no final, necessitando que outros o ajudem a trazer o pensamento de volta ao ponto de partida.

 

Memória

De acordo com o tempo de duração que uma informação permanece no cérebro, o idoso tem desempenho relativamente preservado da memória de curta duração e menos conservado da memória de trabalho e prospectiva. A memória de trabalho exige que a pessoa retenha e manipule simultaneamente informações.

 Nos idosos há um declínio de desempenho desta função quando comparado aos adultos jovens. “Lembrar-se de se lembrar” é o que se chama de memória prospectiva, que é a capacidade para lembrar de algo quando um evento ocorre ou lembrar-se de algo determinado momento – respectivamente, memória prospectiva para evento e memória prospectiva para tempo.  À medida que envelhecem, os idosos se deparam com o sentimento frustrante, mas quando usam pistas externas e estratégicas (estímulos de evocação em tarefas cotidianas) seu desempenho se torna mais eficiente.                                                                         

 

Estimulação cognitiva

Através da estimulação cognitiva ressurge a possibilidade de postergação ou mesmo sem declínio cognitivo. Logo, idosos procuram, na prevenção, o caminho mais promissor para atingir o objetivo de se manterem saudáveis. Nessa perspectiva, a estimulação cognitiva (OLCHIK, 2008) praticada por idosos são atualmente os principais domínios de interesse em um país que envelhece rapidamente como o Brasil.

 

Praticando a estimulação cognitiva:

Linguagem

Criação de histórias a partir de figuras

✔      O profissional fornece três fichas com uma figura em cada uma para o participante;

✔      O participante deverá identificar as figuras;

✔      Após a identificação, o participante deve tentar criar histórias ou frases contendo as três figuras. Material: Conjunto de cartões, cada um com uma figura de um objeto comum.

✔      Reconhecimento e nomeação de figuras

✔      Capacidade de comunicação

✔      Raciocínio lógico

✔      Oportunidade para usar a criatividade e para criar

✔      A memória instantânea

✔      Encorajar um envolvimento em atividades de lazer

✔      Estimular o bom humor

✔      Três figuras- Lembrar as três figuras trabalhadas no bloco de linguagem. 

 

Memória visual e construtiva

Quebra-cabeça                 

Apresentar a figura modelo e as peças do quebra cabeça para serem ordenadas conforme o modelo. Fornece todas as dicas necessárias para que o idoso consiga realizar a tarefa. Material: quebra-cabeça de 6 peças.

❖      Estimulação da memória visual (olhar para uma figura e tentar reproduzi-la),

❖       Raciocínio lógico.

❖      Coordenação motora das mãos (manipular objetos, encaixe das peças)

❖      Reconhecimento de formas (contornos que se complementam).

 

Cálculo e atenção - Trabalhando com objetos geométricos

Material: 3 triângulos, 3 quadrados e 3 círculos, em 3 tamanhos diferentes (pequeno, médio e grande) e 3 cores diferentes.

❖      Reconhecer e nomear as características geométricas de objetos (forma, cor).

❖      Reconhecimento de relações de grandeza (maior, menor, igual)

❖      Identificação de classes: Agrupar as figuras por tamanho (menores ou maiores), por formato (círculos, quadrados, triângulos), ou por cor.

❖      Memória de cálculo (contagem das figuras; contagem dos lados dos polígonos) 

 

Memória motora interativa

❖     O profissional faz um gesto.

❖     Pede-se para o idoso repetir o gesto.

❖     Pede-se ao idoso fazer um gesto, para os outros repetirem.

Experimentar diferentes níveis de dificuldade, aumentando o número de gestos a serem repetidos.

A atenção

❖      Memória de curto prazo, recordar-se do gesto feito

❖      Coordenação motora

❖      Memória de evocação

❖      Oportunidade para interação social       

                                               

Idoso e medicação

O idoso portador da doença de Alzheimer pode ter algumas dificuldades na ingestão de medicamentos, a exemplo de:

✔      esquecer, ou ter dificuldades para engolir;

✔      não aceitar o medicamento;

✔      ingeri-los além da dosagem e em horários irregulares;

✔      usar medicamentos de outras pessoas.

 

Para os diferentes casos, sugere-se que o cuidador:

⮚      faça uma lista de todos os medicamentos  que estão sendo tomados pelo idoso, prescritos pelo médico, anotando, ao lado de cada um, a finalidade. Peça ao médico (ou enfermeira) que lhe forneça essas informações;

⮚      faça um esquema anotando os horários de cada um e a dosagem;

⮚      programe o horário dos medicamentos de tal forma que (na medida do possível) coincida com as três principais refeições (café da manhã, almoço e jantar);

⮚      utilize um despertador para os horários da medicação, para não atrasar ou adiantar a ingestão do medicamento, respeite rigorosamente o horário e a dosagem recomendados pelo médico;

⮚      observe prazos de validade do medicamento;

⮚      ofereça o medicamento com líquidos, para facilitar a deglutição;

⮚      dissolva o medicamento (quando estiver na forma de comprimidos e drágeas) em água, chá, suco ou leite, caso o idoso tenha dificuldades para ingeri-los. Recomenda- se, no entanto, uma consulta ao médico, pois há medicamentos que não devem ser diluídos ou quebrados.

 

Idoso e a rotina de Sono

O sono e o repouso são considerados momentos absolutamente necessários à recuperação das energias perdidas durante o dia. Trata-se de necessidade básica do ser humano, e tem importância para o bom funcionamento do sistema nervoso central. Cerca de 90% dos indivíduos idosos apresentam queixas e problemas de sono, ainda que a necessidade de sono possa variar muito de uma pessoa para outra. Muitos dos problemas ou mudanças relacionadas com o sono podem ser considerados normais no processo do envelhecimento. O sono fica mais leve e o idoso acorda com maior facilidade sob pretexto de qualquer barulho ou luzes que se acendam próximas a ele. Tendo dificuldade de manter o sono durante a noite, o idoso acorda várias vezes e não consegue voltar a dormir. Além disso, costuma deitar-se cedo e acordar cedo, cochilando, às vezes, em vários momentos durante o dia. Em geral, as alterações do sono em idosos estão ligadas a:

 

Aumento de problemas de respiração durante o sono, como:

✔       A síndrome da apneia noturna – quando, por várias vezes (pode chegar a mais de cinco vezes por hora) durante a noite, a pessoa para de respirar por alguns segundos.

Nesses casos, o idoso acorda cansado e pode ficar sonolento durante o dia.

✔      A síndrome das pernas inquietas – quando o idoso experimenta uma sensação incômoda nas pernas, que o obriga a movimentá-la muitas vezes para se sentir aliviado;

✔       O ronco excessivo.

✔       Dor e limitação de mobilidade, fazendo com que o idoso fique um tempo maior no leito.

 

Perturbações decorrentes de depressão e demência.

⮚      Os idosos portadores da doença de Alzheimer podem ter sono muito perturbado; acordam várias vezes durante a noite, geralmente confusos, querendo caminhar de um lado para outro sem saber por que o fazem. O medo da noite é um dos sintomas mais comuns nos idosos, representando fonte de estresse e fadiga para familiares e cuidadores.

⮚      O uso de sedativos e de hipnóticos (medicamentos para dormir) pode piorar o problema. Só devem ser administrados com orientação de um médico que conheça muito bem a pessoa doente;

⮚      a ociosidade e o sedentarismo durante o dia podem piorar o padrão de sono. Para quem cuida de uma pessoa portadora de Alzheimer, dormir à noite é um momento não só desejado como necessário, ainda que difícil para ambos, cuidador e cuidado.

 

Preste atenção nas queixas do idoso a respeito do sono, para descobrir o tipo de problema:

⮚      mantenha o ambiente o mais tranquilo possível, silencioso e com iluminação indireta;

⮚      mantenha a ventilação e a temperatura do quarto o mais agradável possível; muito calor ou muito frio pode atrapalhar o sono;

⮚      cuide para que não haja correntes de ar no quarto;

⮚      mantenha colchões e travesseiros confortáveis; roupas de cama limpas e macias, lençóis bem esticados para não machucar a pele.

Fugindo de Casa...

Por último, é comum o idoso com Alzheimer fugir de casa, ou sair de um ambiente seguro, sem que o cuidador perceba, principalmente em fase mais avançada da doença. Um dos sintomas do Alzheimer é a desorientação espacial, ou seja, quando o doente fica desorientado em relação ao lugar que está.  É muito comum que esqueçam onde moram, e peçam para voltar para casa mesmo estando em suas casas.  Não é raro que tentem fugir de casa porque não a reconhecem e acreditam que aquele não é o seu lar, e podem se perder e não saber voltar. Nessa situação, é preciso ter uma estratégia preventiva, caso ocorra a situação de forma inesperada. Sugiro alguns itens importantes a serem estabelecidos:

  1. Instale fechaduras anti-fuga. Troque as fechaduras de portas, janelas e portões por fechaduras anti-fuga. Essas fechaduras são mais difíceis de serem destravadas e dificultam que o idoso consiga sair de casa;

  2. Guarde as chaves em um local seguro. Não deixe chaves de portas de casa, portões e até mesmo de carros à vista, assim o idoso têm menos um estímulo para tentar fugir de casa;

  3. Detector de movimentos e sinos. Nos casos em que o idoso tem o costume de tentar sair à noite os alarmes são uma boa opção. Detectores de movimentos e sinos nas portas e janelas vão alertar a casa inteira se o idoso tentar sair de casa;

  4. Disfarçando as portas. Um truque para evitar que o idoso fuja, é disfarçar as portas. Uma boa ideia é pendurar cortinas na porta e fechá-las em dias que ele está mais agitado e ansioso;

  5. Avise aos vizinhos que você tem uma pessoa com Alzheimer em casa, e passe o nome do doente e o telefone da casa. Essa atitude, garante que caso o doente fuja e algum vizinho veja traga-o de volta para casa;

  6. Providencie uma pulseira ou um cordão de identificação para o idoso, contendo nome, endereço e números de telefone. Caso ele seja encontrado por algum desconhecido, a pessoa terá todas as informações necessárias para localizar os familiares e ajudar o idoso a voltar para casa;

  7. Se você tem quintal em casa, explore-o com o idoso! Passear ao ar livre no quintal pode trazer uma sensação de liberdade ao idoso por estar em contato com o mundo exterior;

  8. Fazer passeios fora de casa com um acompanhante também é uma boa pedida! O ideal é que sejam lugares tranquilos, com som agradável e não muito movimentados.


    Maria da Graça Munareto - professora e enfermeira

 

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