Temos a demanda de diagnóstico à psicanálise, para o que vem acontecendo nas manifestações fascistas que pedem intervenção militar.
O diagnóstico estrutural é clínico com as três estruturas básicas: neurose, psicose e perversão (o autismo vem sendo visto como uma quarta estrutura).
Um alerta: cuidar na generalização em chamar os manifestantes de loucos, o que se afiguraria a preconceito e análise selvagem. Em Freud, o sintoma tem duplo sentido, ocultar e revelar a forma de manejo com a castração ou sua falta, na singularidade, que passa por identificação, castração e elaboração Edípica.
Na psicose, temos a falta da falta, a não entrada de um Outro, é dá função paterna, simbólica, que Lacan conceituou como “Forclusão do Nome do Pai”.
Portanto, não é possível transformar grupo em sujeito singular. Os sintomas sociais podem ser observados, refletidos como uma perda grande da realidade, desacato às Leis, deturpação das mesmas, fora do que manda a democracia e a constituição, considerando que existe uma legitimidade no processo, reconhecimento no Brasil e no mundo.
Psicanaliticamente, não podemos sair rotulando ninguém, numa dinâmica grupal, de “louco”, associado necessariamente ao fascismo.
Há fomento que, sintomaticamente, é perverso, com mandantes que estimulam esse delírio interventivo, misto de Religioso. Quando alguém supõe que justo a Nossa Senhora das Dores iria apoiar golpe com repressão, discriminação e possível tortura, temos um imaginário que foge de uma fé mais humanizada.
O que é observável: dissonância cognitiva e um negacionismo que vem sendo construído por esse Outro perverso no social, negando ciência, leis e princípios democráticos. Temos uma tarefa de discernir e acolher os que tiverem demanda de ajuda, contenção legal e educacional.
Gaio Fontella é psicólogo, psicanalista, graduado e pós-graduado pela UFRGS, poeta escritor e comentarista no “Café com Análise” no Youtube e colaborador do Zona Norte Jornal
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