Nesta semana que iniciamos com o dia internacional do meio ambiente, minha referência psicanalítica lacaniana se pôs a associar esta separação: meio x ambiente.
Se fosse uma aglutinação, o corte seria uma escansão. Como se afigura assim, vamos pensar o que o que se produziria num exercício interpretativo do enlace social com a subjetividade de todos nós no trato ambiental.
Uma escansão, no viés Lacaniano, é um esquartejamento do significante como peculiar forma lacaniana de interpretação. Como exemplo: Se o paciente repete “impaciente” (o in x paciente pode abrir uma cadeia associativa ao sujeito do inconsciente)
Meio e ambiente, porém, são indissociáveis. Escandi-los, pode nos trazer interessantes reflexões, articulando com outros conceitos de Lacan: Real, Simbólico e imaginário.
O “meio” podemos tomar como a grande força produtiva que é a natureza, mas também espaço urbano e seus cuidados, a tecnologia. E como a força de produção mais importante que é o homem se movimenta nesses ambientes, junto com a tecnologia.
No governo Bolsonaro o “meio” usado para o trato com o ambiente foi a devastação dos rios, das matas, dos povos da floresta.
O garimpo ilegal e os interesses do Agronegócio predador foram priorizados sem critérios de sustentabilidade. Para não se comprometer em fazer diferente, ELE, virou as costas para acordos de e apoios internacionais à Amazonia.
O governo Lula chega dando meios para que se cuide melhor dos ambientes como a atual política pública de redução do desmatamento com ações nacionais e internacionais).
Agora, o estimulo à indústria d automóveis de Haddad dá apoio especial aos não poluentes. A crítica já se manifesta, apontando a falta de investimento em transporte coletivo. Certamente que isso é o mais impo0rtante, mas existe um meio nisso tudo que a gradual, para acomodar empregos e investimentos.
Lula nunca foi inimigo do Agro: tanto que o PIB do setor em 2023 prova isso, com com projeção de chegar a 8%. E num paralelo entre os governos seus e de Dilma, isso fica claro. No atual momento no Plano Safra (uma pesquisa séria aponta isso, no google, mas tem fakes que desmentem).
Bastante promissora é a redução em 8% do garimpo ilegal na terra Yanomami, com força-tarefa que em Roraima acabou com aviões motores, desmanchando acampamentos, apreendendo toneladas de Cassiterita. Outra vitória foi a manutenção das prerrogativas nos ministérios do meio ambiente e do Direitos dos povos indígenas.
A luta continua, pois o meio ambiente segue num luto: pela morte e impunidade dos indigenistas, Bruno e Dom, sem termos os mandantes do crime. Quanto ao “marco temporal”, concordo, mas que seja antes do descobrimento.
Quais os mais importantes meios para um ambiente saudável? Justiça e psicoeduccaçaõ são minhas apostas, com mídia institucional forte: no micro e no macropolítico.
Nas escolas, a base curricular tem que dar atenção. O movimento pela economia sustentabilidade é o que se espera de seres saudáveis, nos quais a pulsão de morte e o gozo imediatista com o lucro sejam contidos.
Como modelo de ações, temos a “Navdanya”, fundada por Vandana Shiva,1991 na Índia. A ONG atua no combate à monocultura, agrotóxicos e transgênicos, com escola e fazenda orgânica que oferecem ensinamentos sobre agricultura sustentável.
No campo clinico, talvez nós possamos ficar atentos aos discursos que são mortíferos com o inconsciente e o Ego corporal e atuações sociai repercutam no meio externo, sem dicotomias, assim como na neuroanatomia uma célula só é saudade tendo meio interno e externo em harmonia.
Tomando a natureza como Real: Ela responde mal ou bem conforme é cuidada. Temos um imaginário predador que “o importante é a produção”. Falta a demanda simbólica que elabore com lei e entendimento, o quanto as avarias ambientais são espelhamentos de uma posição subjetiva classista, neoliberal e cruel, inclusive com o futuro dos seus entes.
O movimento ecológico é de grande importância pois é por todos. E que nessa perspectiva, cada um escolha as ideologias partidárias que sejam efetivamente comprometidas.
Como formação significante, “meio e ambiente” permitem essa reflexão do lugar de ambos numa justaposição, composta, mas no campo das políticas públicas, proponho um neologismo que diz da importância da interdisciplinaridade e intersetorialidade: “Meiambiente”.
Gaio Fontella
Psicólogo, Psicanalista, membro do Psi-psicoterapia online: http//clinicapsi.org/ e debatedor do “Café com Análise”, no YouTube.
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