A sensação dos moradores/eleitores que sofreram inundações em Porto Alegre (estou me baseando em pesquisas) foi aquela da "ausência" da esquerda nas regiões. Para estes, foi a direita que realizou resgates, fornecendo marmitas, ranchos.
Sabemos por denúncias de que houve manipulação na entrega de donativos por parte do governo local e vereadores da sua base; porém, nada disto rendeu qualquer processo.
Vários setores da esquerda fizeram muitas ações de ajuda, seja via cozinhas comunitárias - muitas vezes longe dos territórios inundados, é verdade - com de arrecadação de donativos também.
Mas, no geral, não foi “visto” por estas populações. A esquerda não esteve ausente, por certo. Eu não estive ausente. Agi e ajudei de mil e uma formas. Por estas observações, tivemos, mais uma vez, um problema de comunicação. Enquanto eles largavam fake news mostrando o tênis branco de nossa candidata, como se estivesse ausente e não se “sujado nas águas turvas”, nós não tivemos capacidade de nos comunicar, e isso que Lula instalou um Ministério Especial de Reconstrução.
O que apareceu ao inundado foi a acusação da omissão do governo federal, alardeado pelo governo local e estadual, através da falsificação de dados, quanto pela mídia, dando volume. As pessoas em geral, pelas pesquisas a que tive acesso, não viram algo de concreto feito por nós, quando precisava de ajuda direta para fugir das águas e voltar, seu “o amargo regresso”. Tivemos uma postura ética de não expor, não fotografar, não alardear LIVEs de doações.
Nestes episódios, não contou o fato real, mas a versão.
Após o infortúnio, a direita em rede, candidatos/as a vereador/a, com empresários, apareciam alardeando “ajudas”, enquanto os 5.100,00 do governo federal (tão essencial) não teve a clara digital do governo do PT. Ficou a marca das igrejas, CTGs pela limpeza dos imóveis, arrecadação de materiais de construção etc.
Eu, entre outros, tinha presença anterior aos eventos e durante os mesmos, mas como não fiz alardes, minha votação foi pífia, pois não houve reconhecimento. Ou melhor, o eleitor “não me viu” ou não me viu como viu os outros.
O que ficou foi a sensação da ausência do PT e a nossa como vereador.
Isso puxa um debate sobre que relação o povo esperava do parlamentar. E dos governos. Que relação nós estamos tendo hoje com os segmentos sociais? No meu caso, por ser o vereador de toda a cidade, pode ter sido sentido como uma ausência nestes locais, mesmo presente nelas, como nunca deixei de estar e atender pessoas em outros espaços.
Faço este registro com o intuito da abertura de debates sobre nossos métodos de ação, nossa relação com as comunidades, com o uso da comunicação.
Outro caso: ficou a ideia da compra assistida de casas como algo do "futuro". Uma ajuda sem precedentes do governo Lula. Mesmo que vá receber sua casa do governo federal, ele tem na cabeça uma “expectativa”. Não a casa real em que vai morar por ter perdido a sua.
O fornecimento de alimentos pela Conab não foi visto nem entendido como sendo do governo Lula.
Ademais, prefeito, vereadores e mídia batiam na tecla de "ausência" do governo Lula. E a mídia alardeava a mentira.
Há fatos reais que não podem ser omitidos, no caso do Pronampe, tão essencial aos pequenos e médios, a burocracia governamental e em especial do Banco do Brasil e secundariamente da Caixa devem ter tirado muitos votos do PT.
Logo, o PT "esteve ausente”, elemento alardeado por fake news da extrema direita. E por nossa precária comunicação.
Os bilhões de Lula eram algo dos anúncios. De mídia. Não palpável mesmo com os 5.100 reais da reconstrução.
Os cadastros entregues - com atraso - foram usados eleitoralmente para chamar as pessoas, ter um papo com os Cargos de Confiança, que mentiam, omitiam e faziam proselitismo.
Enquanto isso, o prefeito ia ao encontro das pessoas enfrentando vaias, dizendo que ele estava ali para ajudar e resolver.
Ganhou este modo de agir e comunicar. Ganhou o "chapéu de palha" do prefeito fanfarrão.
Perdemos nós, perdeu o PT.
Perdeu a cidade com a minha e outras ausências.
Que tudo isso nos sirva de lição.
ADELI SELL é professor, escritor, bacharel em Direito e vereador até 31.12.24.
O petismo perde por ser ético, por não registrar as boas ações em respeito à dignidade das vítimas. Mas o objetivo principal é a busca da melhoria do ser humano. Não devemos trocar isso pela busca do poder a qualquer custo. A verdade sempre anda devagar.
Tenho 64 anos sempre morei em Porto Alegre no mesmo endereço no Bairro Navegantes. Você citou a falta de comunicação entre as vozes do PT...Em Porto Alegre o PT perdeu para ele mesmo desde a escolha de seus candidatos muito lenta nada agressiva quando tinha tudo para ganhar em 1° turno desse goiano mentiroso que teve a atitude de bolsonarista dizendo aos moradores das ilhas atingidos duas vezes quem mandou vcs morarem aí....Adeli conhecemos teu trabalho na visão de muitos acho até lhe assopraram que deves mudar aos poucos métodos e equipe e um marketing bem agressivo....tens um grande apoio vc visitou muitos atingidos mas a doação e tudo mais num momento deste é o que os órgãos responsáveis e…
"Faço este registro com o intuito da abertura de debates sobre nossos métodos de ação, nossa relação com as comunidades, com o uso da comunicação." Isto é de extrema importancia. As vezes é preciso retroceder para fortalecer. Enfrentar os erros e com alicercer firmes projetar o futuro. Temos 2 anos para as eleiçoes Estaduais e Nacionais.
⭐️ muito bom!