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Uma história - mas que história?



Neste momento, olhando para a calmaria do mar, sentindo o sol iluminando o dia, a areia molhada que os meus pés tocam, sinto gratidão. A gratidão que surge da alma e se manifesta em muitos momentos da minha caminhada.

(Re)Conhecer Garopaba está sendo especial. Após muitos anos, a cidade cresceu, mas manteve incrustada no seu cerne, a história viva de como tudo começou.

A vila dos pescadores é a expressão da cultura que habita o lugar. História que pulsa e desloca as pessoas que transitam pelas ruas através do tempo e do espaço.

A arte expressa nas casas em azulejos com poesias ou fotos de antigos moradores é um resgate importante de que tudo tem uma ancestralidade. Reverenciá-la é respeitar quem somos, de onde viemos e para onde estamos caminhando.

O novo e o antigo procurando encontrar equilíbrio. Ao mesmo tempo em que enxergamos os barcos de pescadores, as casas antigas e a escadaria que leva até a igreja São Joaquim, percebemos pessoas praticando canoagem ou stand up paddle.


O homem se reinventando e encontrando possibilidades de conexão com a natureza. Conexão muitas vezes esquecida e renegada ao segundo plano.

Os ambulantes vendendo roupas e alimentos, buscando a sobrevivência neste mundo tão desigual. É visível a tentativa de protegerem-se do sol com camisas de mangas longas e chapéus de abas largas. Concomitantemente aos corpos expostos, justamente para “pegar” um sol e ter uma pele bronzeada. Contrastes da existência.

Para variar, as questões que permeiam o pensamento de muitos de nós. Mas quem de nós percebe que temos uma jornada que está sendo escrita há milhares de anos? Quem de nós tem a clareza de que continuamos fazendo história e que, futuramente, poderá ser recordada ou contada? De que forma queremos ser lembrados? O que desejamos deixar escrito? Uma poesia, conto, crônica, romance?

Fecho os olhos, respiro conscientemente mais uma vez, escuto o mar e a pergunta ressoa em mim.

Lembro daquelas conversas em que as pessoas falam sobre o que querem que seja escrito na lápide ao desencarnarem. Bem, como desejo ser cremada, não terei lápide. Mas desejo deixar uma história. De preferência, que tenha vários capítulos interessantes. E você?

O passarinho andando pela areia desvia o meu olhar e o meu pensamento. Me perco por alguns instantes e, ao retornar, enxergo o mar novamente.

Na insistência das ondas que quebram na areia, reforço o que mais desejo na existência: tocar as pessoas para que, verdadeiramente, estejam presentes aqui e agora. Para que procurem viver da melhor forma possível, aproveitando as dificuldades, tornando-as oportunidades, desfrutando os momentos bons e deixando uma jornada bacana para ser contada.

Com certeza, a caminhada de algumas pessoas expressa nas fotos na fachada das casas na vila dos pescadores não foi feita só de flores, mas construída com esforço, dedicação e afeto. Uma simplicidade que pode ser esquecida ou reconhecida.

Quantas vezes nos questionamos sobre a existência, sobre o percurso que estamos realizando? O que percebemos? Filosofia necessária para que a o nosso caminhar faça sentido.

Quais os momentos em que respiramos profundamente e contemplamos a vida? A observação nos torna conscientes de quem somos, do que estamos produzindo, dos nossos desejos, das nossas frustrações e do reconhecimento do humano em nós.

Muito além da capacidade de pensar.

Sair da robotização da vida nos torna capazes de sermos seres verdadeiramente humanos. Pessoas conscientes dos afetos, do que nos impulsiona a continuarmos caminhando.

Que façamos da nossa história páginas interessantes para serem, primeiramente, lembradas por nós e, depois, contadas através do imenso livro da ancestralidade. Que a nossa jornada seja repleta de múltiplas cores, sons, formas, com poesias, crônicas, romance, múltiplos gêneros literários que se transformam em uma música maravilhosa de ser escutada (e não ouvida).

Que sejamos luz!


Patricia Ziani Benites

Psicóloga e Escritora

Canal no YouTube: Tocando o Coração Enxergando a Alma


159 visualizações14 comentários

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14 comentários


gabrieloadeniseleao
06 de jun. de 2023

Patrícia, como me fez bem ler e reler sua coluna, me senti ai sentada com você, um sentimento de profunda reflexão invadiu meu ser, eu terei lapide, desejo a frase,VIVI EM PAZ,SE NÃO FIZ O QUE QUIS,NÃO FIZ,NÃO PUDE,AMOR...já fiz meu cadastro no jornal on Lyne, quero te acompanhar...Gratidão

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Patricia Ziani Benites
06 de jun. de 2023
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Puxa! Me emocionei!!! Muito obrigada por partilhares a reflexão!

Fico feliz em te imaginarem comigo, em processo de reflexão.

Que bom que te inscrevete e vai acompanhar!!

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isabele nunes
isabele nunes
06 de jun. de 2023

Lindo! 🥰

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Patricia Ziani Benites
06 de jun. de 2023
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Obrigada!!

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Angelina Fidencio
Angelina Fidencio
06 de jun. de 2023

Lindo,adorei!😍😘👏🏽👏🏽

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Patricia Ziani Benites
06 de jun. de 2023
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Que bom! Gratidão!

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maicoltejada
06 de jun. de 2023

Profundo e Singelo como sempre. Parabéns! Magnífico texto Patrícia. Bjo

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Patricia Ziani Benites
06 de jun. de 2023
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Gratidão!!!

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robertopradel1
06 de jun. de 2023

Muito lindo!!!

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Patricia Ziani Benites
04 de ago. de 2023
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Obrigada!

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