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Colcha de retalhos... Que retalhos?

A crônica deste mês é, só para variar, uma imensa colcha de retalhos. Provavelmente, ao final, será a costura de alguns, mas não a finalização desta colcha.

Inicio sentada em um espaço qualquer da rodoviária de São Paulo. Imersa entre um gole de café e outro, sinto a necessidade de compartilhar as visões: pessoas aguardando na fila para a compra de desjejum (já que é 7h da matina); outras sentadas degustando o seu café; algumas lojas se preparando para abrir e muitos passantes. Cada qual com as suas percepções, experiências, desejos para semana ou, simplesmente, vivendo.

Absorta pelos pensamentos e imagens que os meus olhos captam, pelos sons que os meus ouvidos escutam, sinto Gratidão. Tenho recebido tanto da Existência que nem sei mensurar. Sentada aqui, tento processar o que vivi na última semana. No segundo ano de participação na Festa Literária Internacional de Paraty é a minha primeira compondo o Coletivo Cultura e Ancestralidade e completamente imersa na Casa Tyiwaras & Tikunas. Uma canção vem à mente: "Você não sabe o quanto caminhei pra chegar até aqui, percorri milhas e milhas antes de dormir, eu nem cochilei". Os compositores Toni Garrido, Bino Farias, Lazão e Paulo Gama nem tem ideia do quanto está música gravada pelo Cidade Negra - A estrada, faz sentido para mim.

Quantos caminhos venho percorrendo para construir quem Sou e dar Sentido aos meus passos...

Conversar com as octogenárias d. Odete ou d. Maria Helena, durante a FLIP, foi de uma profundidade para a minha Alma inimaginável. Hoje entendo um pouco mais sobre a ancestralidade. Algo que chego a tangenciar, mas que ainda não expressei com maior profundidade. Entendi um pouco mais sobre o que incomoda quando vejo a dita modernidade, que constrói cidades de concreto (com as suas pinturas cinzas e sem vida) atropelando a história. Mas a história a nossa base. É o que nos traz até aqui. Temos a responsabilidade de continuar o processo, colocando os nossos ladrilhos nesta estrada. E não, simplesmente, esburacando toda a estrada para sugerir que não existe nada antes de nós.


Me pergunto: por quê? Por que precisamos apagar a nossa história para nos sentirmos alguém? Quantas mentiras aprendemos sobre o nosso país e vamos reproduzindo como verdades? Quanto sabemos sobre as nossas famílias e origem? Quanto apagamos sobre nós mesmos. Questões que se fizéssemos, talvez, jamais agiríamos com tanto ego e pouco reconhecimento.

Mas não tem como passar por esta crônica sem falar, também, do inusitado. Quando vamos tecendo a colcha, nem sempre a costura sai da forma como gostamos. A agulha pode quebrar, a linha arrebentar. Ah! Eu escolhi tecer a colcha com retalhos de chita com cores e desenhos variados. Cada pessoa escolhe a forma de tecer, não é mesmo? Mas Patricia, volta à Terra!

Já que a crônica congrega a viagem à Paraty, na volta, o tecido rasgou, a linha arrebentou e a agulha quebrou... Além do atraso para sair de São Paulo, ao chegar em Curitiba, eis que o motorista diz que temos que mudar de ônibus. Bah! Coloca tênis,  desconecta  do filme,  junta bagagem e se despenca nas escadas. Ao tomar o assento no outro ônibus, dando risada com a colega ao lado, digo que a situação precisa estar no escrito.  Risos à parte, é interessante pensarmos o quanto na nossa história situações inusitadas acontecem. Quantas vezes, os tecidos rasgam, as agulhas quebram e as linhas arrebentam? A nossa jornada é permeada por situações que nos tiram da acomodação. Fazem com que possamos ressignificar aspectos inimagináveis. Adianta reclamar? Até podemos, mas será que se dermos umas risadas e pensarmos "o que está certo sobre isto?", não deixamos a vida mais leve?

Na escuridão da noite em que vivenciamos o inusitado, podemos lembrar que o dia vai amanhecer. A cada dia que se inicia, uma nova oportunidade descortina a nossa frente.

Amanhecendo, acham que não ia dar uma esparramada na colcha para falar sobre a 70ª Feira do Livro de Porto Alegre?

Claro que não!

Então, o último retalho é sobre a imensa Gratidão de estar no dia 15 de novembro, às 14h, novamente, na Vitrine de Lançamentos, seguida pela sessão de autógrafos com o meu novo livro "Crônicas da Existência Vol I", onde terei o prazer de compartilhar as crônicas que vêm sendo construídas desde meados de 2021. Aliás, quem quiser degustar um pouquinho é só dar uma passada no "Canal Tocando o Coração Enxergando a Alma". Há dois vídeos (um de 09 e outro de 30 de outubro) que falam sobre ele.

E, para encerrar a costura da colcha, pelo menos desta parte, compartilho que no dia 16 de novembro, às 19h, tomo posse na cadeira 196 da Academia de Letras do Brasil - Sucursal Rio Grande do Sul. A cadeira tem como patrona Lília Rosa do Nascimento, prima querida que me inspirou na pré-adolescência. Mal eu sabia que a vida ia dar tantas voltas e iria me tornar uma escritora. Honrando a toda a arte que ela produziu, honro a minha ancestralidade, tão importante como mencionei no início da nossa colcha. Na próxima, tecerei novos retalhos.

Sejamos Luz, Paz, Sabedoria! Até a próxima!


Patricia Ziani Benites

Psicóloga e escritora

Autora dos livros Tocando o Coração - Enxergando a Alma, Em busca da Alma perdida e Crônicas da Existência Vol I

Canal Youtube: Tocando o Coração Enxergando a Alma

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