Reflexões de um leitor angustiado!
Revirando anotações, encontro um dado de 2020, dizendo que “no Brasil, existem cerca de 100 milhões de leitores, que compõem 52% da população”.
É uma informação extraída da 5ª edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”.
"Esses leitores são, em números absolutos, não estudantes (61,2 milhões), da classe C, D e E (70 milhões) e de renda familiar entre um e cinco salários mínimos (76,3 milhões).”
E tem mais, aqui peço maior atenção aos/às leitores/as:
“Enquanto cresce o número de leitores de 5 a 10 anos, esse percentual cai a partir dos 11 anos e entre leitores de nível superior e classe A.”
Pesquisas nunca são, de fato, um censo. São amostragens.
Há em mim um sentimento que temos mais crianças lendo, podendo ser real que aos 11 anos fissuradas no Tik Tok esqueçam os livros. Talvez nestes últimos 4 ou 5 anos tenha piorado o índice de leitores/as entre jovens-jovens.
Porém, estranhei e acho que você deve estranhar que diminua entre quem nível superior.
Esta é mais uma razão de minha insistência em debater, sem eu ter tido até aqui quaisquer retornos nas minhas redes e grupos, o que está me angustiando cada vez mais.
A pesquisa revelaria uma queda de cerca de 4,6 milhões de leitores, entre 2015 e 2019.
Ainda a pesquisa: 82% gostariam de ler mais. A falta de tempo (47%) é o principal fator indicado pelos leitores pela não-leitura. Entre os não-leitores, as principais causas são a falta de tempo (34%) e o fato de não gostarem de ler (28%).Vamos lembrar que as megalojas da Saraiva e Cultura fecharam nos últimos anos.
És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo,tempo, tempo, tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo, tempo, tempo, tempo
É Caetano “up to date” no caso....
Faltaria tempo, por que razão? Mais tempo ao celular e nas redes? Nos grupos de whastapp com brigas de família, fofocas do condomínio, do trabalho? Ou estamos fissurados como a gurizada (aquela do Tik tok) nas séries dos “streamings”?
Minha sensibilidade me diz que os jovens de 20 a 30 devoraram alguns livros com muitas páginas, como Harry Potter. E estes e outros não migraram para séries como Game of Thrones?
Vocês já ouviram falar de “literatura gótica” entre os jovens?
Estou fazendo uma série de entrevistas com pequenos editores daqui, tendo a impressão de que esta pesquisa tem coisas corretas, tendo apanhado algumas tendências, mas parece que mesmo com falta de tempo, com poucos recursos, há gente lendo.
Como explicar o crescimento destas pequenas editoras, de feiras por todos os lados, de saraus, de edição de coletâneas?
Mesmo com a produção exponencial da Internet, com vídeos, cursos, artigos, sites etc. e tal, temos visto muita produção de livros.
Qual a sua apreciação sobre o tema? Anda angustiado como eu ando?
ADELI SELL é professor, escritor e bacharel em Direito
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