A crônica de hoje mais parece uma colcha de retalhos. Podem imaginar, inclusive, o tamanho, cores, formas e desenhos. Também, adicionem o tipo de costura, linha e agulha. Se será costura à mão ou em máquina. A criatividade é tom.
Nem sempre é simples a escrita. Algumas vezes surgem muitos temas, em outros momentos mais parece um completo vazio.
A Existência é permeada pela diversidade de momentos. Dependendo do dia, das situações que vivenciamos, das músicas, notícias, podemos ter múltiplos assuntos ou mais parecemos uma imensa sala escura à espera de que o interruptor acenda. Vocês já se sentiram assim?
Tenho vivenciado tantas situações, como temos conversado, que é um pouco complexo descrever. Posso dizer que o rodopio continua.
Pelo menos há Olimpíadas. Aliás o que foi aquela abertura! Um show de criatividade, arte e cultura. Estive em Paris uma única vez e lembro de ficar admirada com o quanto as pessoas leem por lá. Estão sempre com um livro na mão, no ônibus, nas praças, até caminhando. Faz a diferença! A cultura nos possibilita compreender muitas situações. A literatura amplia os nossos horizontes, assim como qualquer forma de arte.
As Olimpíadas para nós brasileiras e brasileiros, também têm sido um grande ensinamento. Ver que a maioria das medalhas recebidas até o momento é de mulheres, é fenomenal. Resiliência e resistência que mostra o quanto podemos nos superar.
Em um país, ainda, muito segregador, preconceituoso e machista, é uma grande vitória. Não sobre os homens, não é sobre isto ou para isto que faço tal colocação, mas uma vitória da nossa capacidade de Ser. Ser o que quisermos! Irmos para onde desejarmos! Caminhar conforme as nossas convicções e ética nos permitem.
Claro que para qualquer atleta chegar às Olimpíadas já é uma conquista. Estar lá, diante dos olhos do mundo é de uma capacidade sem igual. Se deparar, muitas vezes, com adversidades que impedem de alcançar uma medalha é complexo. Precisa ter uma força interna imensa. É uma competição? Sim, mas também significa muito mais do que isto. É empenho, dedicação, esforço, privação e persistência, para citar alguns pontos importantes.
Assistir a atleta Tamires, da seleção brasileira, durante o jogo de handebol, carregando no colo a jogadora Albertina Kassoma que havia se machucado, é um grande exemplo de que nem tudo vale para ganhar. Para além da competição, a empatia nos mostra que nada está acima do respeito às pessoas.
Quantas vezes na nossa Existência assistimos pessoas que para “ganhar” fazem qualquer negócio? E não estou falando de jogo não. Estou falando de uma simples conversa (que é competição). Costumo dizer que algumas pessoas se perderam em alguma curva e nunca mais se encontraram. Se para chegar a algum lugar é necessário desrespeitar, humilhar, achando que se é a última bolacha do pacote, nos perdemos.
A atitude da Albertina ou de outras/ os atletas em se apoiar, vibrar uns com os outros, como no skate ou na ginástica é bacana e importante não somente para os adultos, mas, principalmente, para estimularmos as crianças a cultivarem princípios essenciais para o coletivo.
Em meio às Olimpíadas, a Existência segue o seu curso. E aí, dou de cara com as nuvens. Não leram errado não! É isto mesmo!
Vocês já sabem do quanto sou fascinada pelo céu. Ele nos possibilita instantes de muita riqueza e percepção. Assim, em um dos momentos de caminhada “tardinal” fui acompanhada pelas nuvens de diferentes formas e densidades. Claro que compreensões surgiram. Reflexão é um processo contínuo em mim. Tudo faz sentido. Também pude perceber a devastação que ocorreu nem sei bem quando, se em maio ou depois na beira da praia por onde transitava.
Ao mesmo tempo em que via a devastação, também via movimento no céu. Horas o sol insistia em dar as caras, horas era engolido pelas nuvens. Pensei sobre isto. Em quantos momentos já havia me sentido devastada, mas a minha força estava ali, a minha Centelha Divina – o sol – estava presente. Quantas e quantas vezes, insistia em aparecer, mas quantas vezes, as nuvens densas o encobriam.
Já se sentiram assim? Algumas lágrimas brotaram em meus olhos. Deixei-as lavar o meu rosto.
Novamente olhei para o céu e a dança das nuvens me trouxeram o movimento necessário. Quantas vezes, também, não respeitamos o nosso tempo e sufocamos a água que necessita sair? Eu, em inúmeras ocasiões. Aliás quando sufocava demais, o meu peito, abrigo da minha Alma dava sinais. Quem aqui já sentiu uma dor no peito, queimação, tremor e sensação de estar com um buraco aberto?
Sabe aquela máxima “aceita que dói menos?” Resistir e impedir o movimento natural e necessário, dói bem mais que permitir que sai o que precisa sair. Assi, o primeiro passo é aceitar.
A Existência tem me ensinado a ser mais leve. Para ser leve, há necessidade de reconhecer os nossos sentimentos, refletirmos sobre as nossas ações e buscarmos nos melhorar a cada passo. Às vezes será mais fácil, às vezes mais complexo.
Qual o tempo que nos possibilitamos refletir? O que fazemos para estarmos mais plenos conosco?
Adiciono outros retalhos na nossa colcha, manta, toalha...
Descanso é fundamental. Férias sejam curtas ou longas são momentos de infinitas possibilidades de (re)conexão. Como apreciamos estes momentos? Ah! Lembrei que num país como o nosso tão desigual, nem todas as pessoas têm oportunidade de férias. Mas estes retalhos, neste momento, não me atrevo a incluir, caso contrário, talvez faltassem retalhos.
O descanso pode ocorrer, também, por alguns instantes, quando realizamos algo que nos desconecta do cotidiano, impedindo a repetição programática da Existência e nos liga a um outro tempo e espaço. Sugiro que quem não tem conseguido, tente encontrar algo que lhe proporcione prazer e que o Sol apareça...
A colcha ainda merece outros retalhos, mas estes deixo para cada leitora e leitor. Me despeço, desejando que possamos superar as nossas dificuldades, encontrar o Sol que existe dentro de nós e permitirmos receber a medalha de ouro pelo percurso que estamos caminhando. Que as nuvens e devastações que ocorrerem sejam Oportunidades para Sermos melhores!
Sejamos Luz, Paz, Resiliência e Sabedoria!
Patricia Ziani Benite
Psicóloga e escritora
Autora dos livros Tocando o Coração - Enxergando a Alma e Em busca da Alma perdida
Canal Youtube: Tocando o Coração Enxergando a Alma
Querida Patrícia, lindo demais! E tão oportuno! Retalhos devidamente encaixados! Obrigada pela reflexão! Luz e sabedoria! <3