Querida leitora, querido leitor, se pensaram que não teríamos crônica neste mês, capaz!
Uma pequena demora, mas a oportunidade de compartilhar reflexões com vocês é um chamamento. Uma oportunidade de lançar algumas pedrinhas no imenso lago da Existência.
A crônica iniciou em um dia cinzento, em meio à poluição que assolou, assim como tantas cidades, Porto Alegre. Geralmente escrevo em poucas respirações, mas neste mês foi diferente. Cheguei a imaginar que falaria sobre isto, mas um hiato aconteceu.
O que me deslocou novamente para a escrita, foi nada mais nada menos do que a Florada Artística. Mais precisamente, em uma tarde ensolarada, no recanto central da cidade a icônica Livraria Cirkula abriu as portas, mais uma vez, para que a querida Léia Ortiz e Everton Nobre nos premiasse com a 24ª edição deste evento que é um marco cultural na cidade.
Assim, em meio às poesias compartilhadas por tantas pessoas que me Inspiram e as músicas que nos embalam, sentei num cantinho e voltei a escrever. É difícil imaginar a Portinho sem a Florada. Pelo menos, euzinha! Um espaço tão acolhedor, que permite Sermos quem Somos, apreciando, curtindo, estimulando a arte.
Em um mês crucial, onde relembramos o quanto é importante a empatia, a percepção de como estamos vivendo, a necessidade de apoio diante de situações difíceis, de quanto é essencial as boas amizades, dentre tantas outras questões, a Florada é um espaço de Fortalecimento de vínculos e Promoção da Vida. Alguém lembra o que marcamos para conversar no mês de setembro desde 2003?
Quem pensou "setembro amarelo", acertou. Não vou contar aqui a história que levou a Organização Mundial de Saúde a instituir 10 de setembro com o dia de prevenção ao suicídio, pois há muitos artigos sobre isto. Desejo pontuar, sim, que há vários momentos que podemos nos sentir angustiados, tristes, ansiosos e, até mesmo, desesperançosos e que oportunidades existem para que possamos ressignificar tais situações.
Como resolvestes aqueles momentos em que te sentiste assim? Aliás, alguma vez já tiveste sentimentos difíceis de lidar? Em que buscaste apoio para te Fortalecer? Questões essenciais para nos deslocarmos daquilo que nos faz sentir dor.
A dor surge quando o nosso coração se parte. É comum, inclusive, a dor física. Aquela dor em que parece que o peito está sendo dilacerado. Já sentiste isto? Eu sim. É uma dor que falta o ar. Queima. São tantas as necessidades para limpar e reconstruir o peito que leva tempo. Aliás, no meu segundo livro "Em busca da Alma perdida", através da Ana, converso sobre isto.
Não é propósito aqui falar como reconstruí o meu peito (e tudo o qeu envolve a reconstrução), pois o que funcionou ou funciona para mim, pode não ser a mesma estratégia para quem está lendo esta crônica. O objetivo sim é ajudar a refletir que é possível.
Em meio a Florada, ao escutar dois jovens de 15 e 16 anos tocando e cantando Bossa Nova e me entusiasmar com uma escritora que aos 16 anos, está preparando o terceiro livro, sinto Esperança. Aí, como não me sentar entre as prateleiras cheias de livros e escrever?
Esperançar... É o verbo. Sempre que me deparo com jovens artistas, artistas jovens, Esperançar me convoca. Há quanto tempo falamos sobre isto? É o meu objetivo como trabalhadora de saúde mental coletiva, escritora e youtuber. Precisamos construir Esperança, seja para adultos, mas principalmente para crianças e adolescentes.
Uma sociedade que não produz Esperança está fadada ao fracasso. Nisto, a arte é essencial. A arte nos liberta de amarras, descalcifica nossos ossos, amacia a nossa pele, rejuvenesce o nosso cérebro e alenta a Alma. Entre palavras sentidas, nos Fortalece.
Assim a Florada, em meio ao amarelo de setembro, constrói pontes, derruba muros e nos possibilita Acreditar que muitos mundos são possíveis. São possíveis entres os olhares, sorrisos, abraços que nos mostram que pertencemos ao Coletivo.
Assim me despeço de vocês! Acreditando, construindo Pontes, Oportunidades, Esperançando. E, quando as nuvens de fumaça queimarem a nossa garganta e o nosso peito, que possamos lembrar que há formas de nos desintoxicarmos através de uma boa conversa, de um abraço, de Afeto.
Para quem não sabe por onde começar. Busque apoio quando te sentires sozinho no caminho! Nas amizades, nas Unidades Básicas de Saúde, nos Centros de Atenção Psicossocial, através das equipes multiprofissionais de saúde mental, no Clube de mães, nos Centros de Referência da Assistência Social... do Centro de Valorização da Vida (188).
Que sejamos Luz, Sabedoria e Paz!!
Patricia Ziani Benites
Psicóloga e escritora
Autora dos livros Tocando o Coração - Enxergando a Alma e Em busca da Alma perdida
Canal Youtube: Tocando o Coração Enxergando a Alma
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