Relações de Poder e Resistência
- zonanortejornalpoa
- 25 de jul.
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As relações de Poder e Resistência são significantes que assumem sentidos distintos num viés psicanalítico e filosófico.

Segundo o filósofo e psicólogo Michel Foulcault, as Relações de Poder são estabelecidas quando a resistência é possível. E este conceito é no sentido de confronto, de resistir a uma opressão, um desmando, ilegalidades e injustiças. Por isso, dizia que no escravagismo não havia relações de poder, pelo fato de ser um um exercício de poder do senhor dos escravos, sem margem de resistência. Bem, quando esta surgia, aí sim um confronto se estabelecia na busca do que é poder relacional libertário.
Quando nosso STF e governo resistem contra os atos golpistas, fascistas, bolsonaristas e atentados, em defesa de nossa soberania por conta das super taxações de Trump, nós estamos tendo relações de Poder, sem medo!
E que resistência e relações de poder podem ter pessoas sem acesso à educação (nosso estado teve queda de 63,4 para 44.67%de 2023 a 2024 no alfabetismo)? Que relação de poder têm a população Lgbt+, quando é vitimizada num país que mais nos mata? E uma mulher indígena violentada pela polícia com seu bebê ao lado?
Alfred Adler foi um discípulo que confrontou Freud cuja visão era pansexualista (que nos movemos na busca da satisfação sexual e que conflitos com a insatisfação sexual, repressão, são básicos nas psiconeuroses). A psicologia individual de Adler defende que nos movemos na busca do poder, não como forma de opressão, mas de superação da inferioridade com objetivo de contribuição útil à sociedade (o que dialoga bem com a visão de Foucault)
E Resistência, para Freud, não é o resistir de Foucault, mas fruto do que está recalcado, que se manifesta no jogo duplo, ocultar/revelar, nos sintomas neuróticos. A cura pela palavra no trabalho psicanalítico vai facilitar uma ressignificação do que é sintomático e nos faz sofrer. Lacan já nos aponta a ética do desejo que não é na perspectiva de um gozo ilimitado, mas um misto entre Saad e Kant.
Particularmente, acho que todos esses olhares são transversalizados com a singularidade da vida de cada sujeito nos laços sociais. Impossível sermos alheios ao poder, para termos no mínimo necessidades básicas, jogando-nos na luta de classes que exige nossas representações e representatividades.
Quando Egos estão à frente de movimentos sem ética, sem sacrifico do excesso narcísico, os prejuízos coletivos podem ser grandes. Muito comum é vermos que uma ideia, uma nova pauta, por não ser de autoria deste ou daquele líder, fica no descaso, no esquecimento.
Ultimamente, com meu ego grande, mas realizador, atravessado por sentimento autêntico de uma vida militante, não consigo deixar de apostar e convocar apoios a duas lutas que são frutos de parceiras potentes: Investimento no empreendedorismo Lgbt+, no Turismo Gay Friendly e no S.O.S RS Diversidade - uma união de vários coletivos e organizações pelo amparo à comunidade Lgbtqiapn+ gaúcha, ainda sofrida pela catástrofe político e ambiental que demanda um resistir permanente pela vida digna!.
Estarei nesta luta como delegado da Conferência Estadual Lgbt+, dando força para outras ações e buscando levar estas lutas à Conferência Nacional. Nesta perspectiva, aposto num potente apoio foucalutiano de resistência e relações de poder, mas com os desafios egóicos que não são predicativos de nenhum gênero, mas do humano, em dinâmicas grupais.

Gaio Fontella (Ativista LGBTQIAPN+, Psicólogo e Psicanalista, graduado e pós-graduado pela UFRGS)




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