Volta ao mundo: 80 anos em foco em 15 dias – Parte 1
- zonanortejornalpoa
- 23 de jul.
- 3 min de leitura
Em meio a tantos assuntos, a escolha deste mês, inevitavelmente é sobre a comemoração dos 80 anos da minha mãe. Teci algumas linhas na crônica anterior, e conversaremos sobre ela em outras oportunidades.

Meu pai desencarnou em 2014. Foram muitos os momentos que comemoramos o seu aniversário. Aliás, ele adorava os churrascos, os últimos assados pelo meu irmão. Gostava também dos chás cheios de quitutes feitos com tanto amor pela mãe e da muvuca que era receber familiares, amigas e amigos. Nos últimos anos, fizemos questão de permanecer promovendo os encontros, mesmo quando o desânimo lhe impedia de apreciar como antes.
Já a minha mãe tem descortinado um mundo diferente de Celebrações para nós. Aliás ela tem nos proposto cada situação! Há dois anos, na comemoração dos 78 desejou andar de balão. Resultou em uma crônica, é claro.
Pois neste ano a bola da vez foi, pasmem, andar na tirolesa. Podem desarregalar os olhos!! Isto mesmo!
Este foi um dos pontos de luz da comemoração da imensa mandala chamada "Volta ao mundo: 80 anos em foco em 15 dias". Tudo o que cabe no mundo... mundo externo, interno, multidimensional... Viajamos por muitos lugares, percepções e sensações.
Quantas ocasiões se oportunizaram viver situações de imersão familiar na maturidade? Muitas vezes, com o ritmo de vida que levamos, o máximo que concretizamos são almoços, cafés, chimarrão, um ou outro final de semana... Quem consideras como família? Como desfrutas o momento com as pessoas que consideras família? Quantas vezes te deparaste com a reflexão sobre o “encurtamento” do tempo a partir da idade?
Questões profundas, delicadas e, talvez, necessárias para que possamos vivenciar os momentos com maior plenitude. Sentir o tal “encurtamento” a partir dos anos de vida nos joga para uma perspectiva diferente. Assim, no nosso caso, planejamos férias e organizamos o roteiro, compartilhando e integrando os desejos. Programação feita, hotéis reservados e... o inesperado acontece.

Para este momento, escolhi dois momentos para compartilhar, pois esta viagem é um livro! O primeiro é que estávamos nós seguindo de Encantado à Ametista do Sul, quando nos deparamos com a placa “Gruta de Nossa Senhora”. Mais à frente, avistamos outra referindo a cidade Dr. Ricardo e mais uma sobre a Gruta. Em segundos, decidimos dobrar à direita e seguir.
Quando achávamos que havíamos errado o caminho (o que ocorreu em vários momentos da viagem) nos deparamos com um local para quermesses. Salão enorme, campo de futebol, churrasqueiras, bancos, mesas e... pracinha. Imaginem se não curtimos o gira-gira carrossel e a mamis não se aprumou no escorregador!
Logo, avistamos a indicação para a gruta. Adentramos num caminho cuidadosamente construído, platôs de tantos em tantos degraus, parapeitos de pedras que mostravam a exuberância da mata. Descemos, descemos e... descemos. Talvez, uns 500 degraus. Quando achamos que não havia mais para onde descer, o Divino nos brinda com uma das imagens mais lindas que vi. A Cachoeira envolvia a entrada para a gruta. Inimaginável! Gruta simples, com bancos para quem desejar fazer a sua prece ou simplesmente descansar. Paisagem que nos mostra o quanto há locais belos neste Planeta. Gotas suaves da Cachoeira nos abençoaram! Nós, Agradecemos. Agradecemos termos enverado em uma curva e seguirmos o rumo dos nossos corações.
Quantas vezes nos possibilitamos sair da rota? Quantas vezes nos deixamos ser afetados pela vida e escolhemos se deslocar do planejado?
As mudanças no percurso foram constantes. Flexibilidade, acolhimento e parceria foram essenciais. Tudo em prol de uma pessoa que nos trouxe a esta vida. Nestes 80 anos, minha mãe atravessou muitos momentos, alguns ótimos, outros difíceis. Precisou se reinventar inúmeras vezes e encarou os percalços com bravura, sem perder a ternura e a fé. Uma inspiração!

Curiosos pela tirolesa? Pois bem, ver a minha mãe pendurada naqueles cabos foi lindo e libertador. Se eu me pendurei? Ah! Não! Euzinha fiquei na gravação do vídeo. Presenciar ela e o meu irmão deslizando, chegando ao destino e ainda escutar “quero ir de novo! Tem aquela do super man!” não tem preço.
Mais uma vez, me ensinou. Me ensinou que a cronologia da idade depende de como a vivenciamos. Do que desejamos e da coragem que temos para seguir o percurso. Do afeto necessário e acolhedor para permitir o ‘jogar-se” na Existência.
Precisamos ter quem nos acompanha (como meu irmão) e quem acolhe na chegada (eu). Precisa ter quem acredite e aposte em quem somos e no que podemos fazer. Precisamos Ser quem Acredita e Aposte em quem Somos.
Que sejamos Luz, Paz, Sabedoria e Encantamento!

Patricia Ziani Benites
Psicóloga e escritora
Autora dos livros Tocando o Coração - Enxergando a Alma, Em busca da Alma perdida e Crônicas da Existência Vol I
Canal Youtube: Tocando o Coração Enxergando a Alma




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