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Outro fator fundamental para a expansão da região foi a chegada dos primeiros imigrantes alemães no Rio Grande do Sul. Essa imigração teve como objetivo fundamental o povoamento da região sul do Brasil, além do desenvolvimento da agricultura e da consequente maior oferta dos alimentos por meio da inserção de outras etnias dispostas a povoarem regiões até então sem nenhum núcleo urbano. A primeira leva, com 39 imigrantes de alemães, chegou a Porto Alegre em 18 de julho de 1824. Oriundos de Hunsrück, Saxônia, Württemberg e Coburgo (Baviera), famílias como Krämer, Höpper, Hammel, Pfingsten, Rust, Timm, Bentzem e Jaacks, entre outras, foram as precursoras da imigração alemã no Rio Grande do Sul. Este primeiro grupo seguiu para a região de Real Feitoria do Linho Cânhamo (primeiro nome de São Leopoldo).
Até 1839, já haviam chegado 4.056 imigrantes. Porto Alegre era, dessa forma, uma espécie de “escala” para os alemães antes de subirem o Rio dos Sinos. Eles ficavam arranchados, em habitações rudimentares, pela zona norte de Porto Alegre, mais especificamente pela região do atual bairro Floresta e São Geraldo. Muitos deles, como bons artesãos, perceberam a carência que a cidade tinha de determinados serviços, e, dessa forma, foram abrindo oficinas e choupanas improvisadas. A zona norte de Porto Alegre, posteriormente chamada de 4º Distrito, será marcada para sempre pela presença de alemães. Com o desenvolvimento do bairro Navegantes, no final do século XIX, muitos descendentes de alemães acabaram por fazer o caminho de volta, saindo das colônias para virem para a zona norte de Porto Alegre. A comunicação entre as regiões já estava facilitada, como vimos, desde 1871, com a construção da estrada de ferro. Dessa forma, entre o nascente comércio da região da Sertório, encontravam-se inúmeros estabelecimentos ligados aos alemães.
Há ainda um outro fator, pouco lembrado e estudado dentro da formação da zona norte da cidade. Trata-se da construção do 1º Regimento de Cavalaria da Brigada Militar, em 1893. Sua localização exata é hoje a Avenida Sertório, 1700, esquina com a Augusto Severo, local onde atualmente se localiza um posto de combustível. O local destinava-se, acima de tudo, à criação de cavalos e à veterinária em geral. Também era comum que houvesse carreiras de cavalos. O trajeto utilizado para tais corridas era entre a atual Augusto Severo e a Pernambuco. Este local foi utilizado pela Brigada Militar até 1924, ano em que o terreno foi vendido. A história deste local específico é intimamente ligada ao desenvolvimento da aviação no Rio Grande do Sul e no Brasil.
O 1° Regimento de Cavalaria em 1908.
Exato local do antigo Regimento de Cavalaria hoje.
O mesmo regimento aparece ao fundo, no canto superior direito, em foto tirada a partir da Sogipa em 1911, colorida digitalmente. Também é possível observar pouco mais à esquerda a atual rua Augusto Severo. Acervo Sogipa.
Cristiano Fretta é escritor, professor e músico.
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