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Há lugar para a crônica?

O meio físico para a crônica tradicional não existe mais. Era essencialmente o jornal impresso. Sobrevivem alguns cronistas em algum jornal mais corajoso e audacioso, ainda não capturados em reproduzir releases.

Temos poucos sites e blogs que abrem espaço para este gênero. Alguns têm acabado por falta de incentivos e até por questões financeiras.

Já houve tempos de “Seleções” e “Antologias” em que se apreciava este gênero.

O Facebook e até o Instagram é o espaço no qual todos/as se acham escritores. Ninguém pode negar que há coisas boas, dignas de nosso tempo de leitura, mas há inutilidades.

O professor e escritor Cristiano Fretta ao falar da "falta do suporte físico" me fez parar para pensar muito neste "porém".

As "temáticas" de crônicas eletrônicas viraram por demais personalistas, sem captar o meio por onde se anda, das buscas de sentido nas coisas. Busca de conclusões filosóficas, histórico-culturais, memórias como do encantamento estético.

As escritas ou estão sujas demais com a realidade, virando um panfleto ou anódinas quanto ao lócus. Quando não agressões ao português mediano e suas regras elementares. Creio que, por isso, a crônica está perdendo um tanto de seu encanto. Sem falar no afã de alguns escritores juntarem seus escritos (alfarrábios) ou copiar de suas mídias sociais, caindo no canto de sereia destas editoras de araque que pintam na sua “timeline” prometendo virar “best seller”. E publicam. Enganam-se a si e aos leitores.

Outra questão é a repetição de uma visão meio classe média que foge deste mundo real e sofrido em que vivemos.  Destes tempos líquidos e sombrios.

No recente Prêmio Açorianos de Porto Alegre houve novidades bem positivas, com inovações e ousadias. Mas ainda há coisas de "lugar comum", batido, manjado, ou uma forçada de misturas de gêneros. Não que não possa haver, mas não serão crônicas.

Creio que a crônica de livro, jornal e mesmo dos blogs não tem atingido os leitores mais jovens. Será que a geração Z e a Alfa não poderão ser ganhas para leituras de crônicas? Apostaria que há espaços.

Nem repetir a forma do velho Coruja, necessário atualizar o estilo Archymedes Fortini e ousar no de Theodemiro Tostes e tocar a escrita. Talvez uma apurada para o novo futuro com a Martha Medeiros, a Cláudia Tajes e a Mariana Ianeli. Provocar é preciso.

Por isso, pelo Site POAVISTA, faremos uma série de Rodas de Conversa.

 



Adeli Sell é professor, escritor e bacharel em Direito

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